Octávio Cabuata é um exemplo a seguir para os que querem entrar para o mundo da música. Resiliente é a palavra que resume o carácter deste dj e produtor.
No início da carreira foi rejeitado por uma produtora conceituada do país, pelo facto de não ser famoso, hoje, tornou-se numa referência do House Music. É venerado no estrangeiro e procurado pelas principais vozes da música angolana.
Sua capacidade artística vai muito além do House Music. Octávio Cabuata já produziu para Paulo Flores, Johnny Ramos, Suzana Lubano e é dos principais responsáveis pelo sucesso de Liriany.
O produtor está em estúdio a preparar o seu primeiro álbum, que reúne, entre outras, vozes de Kyaku Kyadaff, Johnny Ramos, Cláudio Fênix, Miguel Buila e Young Family.

Porquê decidiu entrar para o mundo da música?
Aprendi música na rua. A minha história é um pouco diferente, não venho de uma linha musical, mas desde muito novo eu sempre quis fazer algo que realmente tivesse paixão e a música foi amor puro.
Tem alguma experiência que gostaria de partilhar que não desejava ver alguém em início de carreira passar?
Eu acho que cada um deve entender o seu porquê e, a partir daí, vai respeitar o processo e foi que aconteceu comigo. Aliás, foram nas situações menos boas onde tive de trabalhar na minha melhor versão. Por exemplo, uma das coisas que mais me marcaram foi o facto de ter vindo de outra província (Namibe) para realizar o meu sonho e enfrentar aquele preconceito e ser chamado nomes do tipo o da província… outro episódio foi quando fui apresentar o meu trabalho em uma produtora de renome, na altura, e o CEO ter me dito que os artistas dele não aceitariam produzir comigo, porque não eu era famoso e por não ter feito nenhum trabalho para um famoso…
Como é que fez para ultrapassar isso e conseguir se impor em Luanda? Tudo isso me fez ser o profissional que sou hoje. Então, cada um vai viver suas experiências boas e ruins no começo.
Hoje, é responsável por ajudar a tornar notáveis nomes como Liriany e já produziu para Paulo Flores e Johnny Ramos. E, além de produzir, toca. O que mais sabe fazer no mundo da música?
Sou Dj e produtor musical, mas tenho outras habilidades, como direcção musical, arranjos, distribuição digital entre outros Fundei o meu selo ” Soolc Music, que, acode carências do mercado nacional principalmenteno no campo digital.
O que é mais difícil, produzir para um artista angolano ou estrangeiro?
Angolanos.
Porquê?
No quesito pontualidade, cumprir times, honrar compromisso é com os angolanos. Mas tem uma malta que boa, mas na sua maioria deixam a desejar.
Pelo que faz, que lugar acha que merecia ocupar na música angolana?
Acredito que estou onde merecia estar pelo que fiz até agora, mas se me perguntar se estou satisfeito eu digo que não… Mas com muito trabalho e dedicação, vamos ter o posicionamento que almeja. Vale lembrar que quero me tornar alguém que gera valor e isso tem outros caminhos e não tenho uma visão limitada. A minha luta continua a ser em ter um óptimo posicionamento no mundo e tudo isso vai ser possível com trabalho, sabedoria e networking.
E já possui algumas parcerias com produtoras internacionais, incluindo a italiana Uncover Music. Em que lhe benecicia estas parcerias? Para um profissional que almeja conquistar o mundo com a sua arte, são sempre sementes a serem plantadas e muitas dessas parcerias ajudaram a trabalhar com pessoas que já mais pensei que seria possível, como o caso do Dj e produtor musical francês Manoo”, que é um master no movimento House Music. E eu ser o segundo angolano a ter a oportunidade de ter uma música remixada por ele depois do dj Djeff; Ter uma música no 1 da maior plataforma de House Music nos estados unidos ” Trasxourece”; ter uma música tocada pelo maestro ” Louis Vegas. Voltando ao que disse, a minha visão é de mundo e não de um pedaço dele.
E qual o seu maior sonho? Ganhar um Grammy e daqui alguns anos vamos falar sobre o meu prémio. O outro não posso revelar.
Tem uma trajectória reconhecida como produtor. Como dj, em que palcos pisou?
Como dj, passei pelo Club S, Clímax, Ten, vários eventos particulares. Na minha cidade ( Namibe). Sempre fui residente em casas nocturnas, mas quando vim pra cá, alinhei as minhas expectativas e confesso que não toquei em muito mais sítios porque priorizei mais o produtor. Mas, este ano, o dj e o produtor estão muito bem encaminhados e me varão mais vezes nos eventos que eu acredito que vá agregar valor para a ideia de carreira que eu estou a trabalhar para mim. Existem coisas muito bem sólidas que estão a ser trabalhadas internamente.
Que coisas são essas?
Estou na fase final do meu álbum onde juntei ; Yuri Da Cunha, Kyaku Kyadaff, Johnny Ramos, Liriany, Anderson Mário, Cláudio Fênix, Filomena Maricoa, Miguel Buila, Nylza Malath, Young Family.
Que Octávio podemos esperar neste trabalho?
Trago esse dream time em uma sonoridade totalmente diferente do habitual.