Actualmente os artistas consagrados são os que mais pagam “piratas” para promoverem suas obras discográficas, Eps ou singles, principalmente os que fazem Ghetto Zouk e Afro House. O fenómeno não é de hoje, só aumentou nos últimos tempos por causa da pandemia do Covid-19, e os preços variam a partir dos 200 mil Kwanzas.
São vários os processos que uma música tem de passar para se tornar hit e a duplicidade é um dos principais, admitem os artistas, entre os quais de Rap, Semba e Afro, justificando que, se não recorressem à prática suas músicas nunca chegariam a zonas do país onde o uso da Internet ainda é deficitáro.
Isto não é uma coisa que acontece só hoje. Mesmo no passado também já acontecia. Cinco dos dez músicos e um dos três responsáveis de produtoras de referência no país entrevistados pela Carga admitiram que recorrem ao processo e os resultados são visíveis nos seus artistas. No entanto, há quem nunca recorreu à prática, porque acredita no poder dos órgãos de difusão massiva.
“Não. Porque ao longo dos anos, construí uma base sólida com as rádios e televisões em toda a África. Temos uma óptima parceria com distribuidoras, é fácil para nós chegarmos aos nossos consumidores”, respondeu a CEO da Cloe Management, uma produtora angolana com foco no Afro e que gere carreiras de vários artistas africanos.
Os preços para a duplicação de obras musicais, designada por “pirataria” começa nos 200 mil Kwanzas, dependendo do tempo de promoção e dos meios a utilizar. Se fôr CD são 200 mil Kwanzas/ mês. Se envolver pendrives, o preço já é outro.
Quem trabalha na área, como é o caso de Gutinho Produções, percebe melhor o negócio. O agente começou como amador há 21 anos e hoje actua como profissional e afirma que todo o artista angolano consagrado solicita o seu serviço.
“O artista contacta, eu dou o preço. Ele faz o pagamento e começamos a trabalhar. Antes quem mais solicitava eram os artistas com menos nome, mas agora os que fazem mais são o que têm mais nome no mercado. A promoção de CDs e pendrives atinge até o povo da última carteira”, tentou justificar.
Em média é possível reproduzir dois mil CDs actualmente por semana, que depois são distribuídos aos consumidores por jovens à beira das estradas e em outras províncias do país onde há dificuldades de acesso à Internet.
De momento, os que mais recorrem ao serviço são os que fazem Ghetto Zouk, Afropop, vindos das principais produtoras do país, revela Gutinho.
“Todas as produtoras solicitam o meu trabalho, até os kotas, muitos deles não gostam que se cite seus nomes. Duplicar uma obra sem a autorização é que é pirataria. O que eu faço tem a autorização do próprio cantor. Só coloco músicas com autorização do artista”, defendeu-se Gutinho.