Mais do que simples realizador de vídeoclips, Edgar Cláudio é um contador de histórias. Em cada trabalho que coloca o seu dedo acaba sempre em hits. Foi ele, por exemplo, que filmou os clips “africana”, “gerónimo”, “Yê yê e dance” de Gerilson Insrael, “Teu mel” dos Killa Hill, “Sinal” de Anna Joyce e Filipe Mukenga e “Jogada de mestre” de MCK e Anabela Aya, só para citar alguns.
O videomaker quer estender a sua influência musical à sétima arte, com a estreia, em Maio, de um filme “ELO”, em que traz a história de uma jovem mulher com um passado sombrio que luta para manter a filha no bom caminho.
A nova aventura do ambicioso realizador é o princípio da continuidade de um percurso iniciado em 1998, conforme resume nesta entrevista.

Sempre foi o seu sonhou ser produtor de vídeoclips?
Eu gostava muito de “fuçar” em coisas eletrónicas no cúbico, e meu pai tinha acabado de chegar de uma viagem a serviço e trouxe uma câmera mini DV. Devia ser Canon. Então, a partir daquele momento, passei a gravar as festas importantes da família, como casamentos, baptizados etc. Como eu tinha dos leitores de vídeo vulgo “dec “… Fazia algumas cópias para os vídeo clubes caseiros que tinham na época. Um belo dia, o meu amigo Yuri Olim, apareceu com uma cassete de vídeos para copiar e vendermos na escola (risos). Fiquei maravilhado com o que via, e o mais engraçado é que a maioria dos clips foram realizados pelo Hype Williams, eu logo disse é isso, eu posso fazer isso.
Quando é que filmou o seu primeiro clip?
Em 2002. Foi um kuduro com o título “ da buala “. Esse kuduro, na época, era o super hit na Salga, Rua da vaidade, o bairro onde vivia na Ilha de Luanda… o maior responsável pele minha odisseia foi o Realizador americano Hype WIlliams.
Hoje, além dos clips “Bate Lata” de Ready Neutro e Xtremo Signo e “Lágrimas de um Suburbano” de Paulo Cabonda. Que outros vídeos de destaque filmou?
Vou tentar ser pragmático, mas antes deixa lhe fazer uma correcção, não obstante ter trabalho com o Paulo Cabonda, porém o vídeo clip “lágrimas de um suburbano” é do grupo de rappers “Fat Soldiers” em que na faço parte. Não sou rapper, participo com o visual, eles são minhas cobaias. Vídeoclips de destaques de Gerilson Insreal “ africana “ Gerônimo “ Yê yê e Dance com a participação do Nigeriano Rema “. Killa Hill “ Teu Mel e Mãe “, Pérola: “Diz a ela e Admito”, Yola Araújo “ Encosta”, Anna Joyce e Filipe Mukenga “ sinal”, Adi cudz “ brincaste mal”, Haliso Paixao “ Palavras “, Young Double e Anna Joyce “ abre o olha Fat soldiers “ Jogada de mestre”, MC K e Anabela Aya “ extracto afectivo”. São tantos.
Depois sentiu a necessidade de emigrar para a produção de longas?
Conforto!, eu amo realizar vídeosclips musicais. O vídeo clip é uma escola para mim, eu defendo que o vídeoclip é um pequeno filme sustentado por uma base musical, entretanto ficou um pouco limitado para mim, e fiquei confortável, e pra mim é o momento certo de enfrentar novos desafios. Então decidi entrar de facto na sétima arte, fazendo curta-metragem, ganhado experiências e rodagem até um dia se atrelar as longas. Obs: Não deixarei automaticamente os vídeoclips (risos).
O quê que compreende o seu trabalho nas produções de longas? Contar histórias, e contribuir significativamente para o cinema nacional.
Também elabora os roteiros? Sim. A ideia original do filme “ ELO “ é minha. Escrevi o guião e passei ao Denis F. Miala, como tem mais experiência na matéria, fizemos concertações.
Fale um pouco do seu filme de estreia.
Fala de Maria é uma mulher devota à Deus que cria uma filha adolescente tentando educá-la com princípios cristãos, pois teme que a filha se torne no que ela foi no passado. Maria guarda um grande segredo que fez de tudo para fechar a sete chaves durante mais de 15 anos.
O quê que lhe motivou a trazer esta narrativa ao cinema? Fui motivado pelo contexto social que se vive nos dias de hoje, até um certo ponto, é uma chamada de atenção à sociedade para prestarmos atenção no tipo de educação que se vem a proliferar nos últimos anos, e talvez instigar um debate social.
Tem alguma coisa que gostaria de alcançar com a produção das longas que não foi possível com os clips?
Sim, sim. Com as curtas! Até um certo ponto, acabo por ter mais liberdade, e poder contar história mais completas que um vídeo clip.
Mas, é apenas uma pequena aventura ou é algo em que pretende dedicar a sua carreira futuramente? É uma grande aventura. Eu acho que é aí onde está o gozo, eu sou um eterno aventureiro.
Como é que vai fazer para conciliar com os trabalhos de clipmaker?
Penso que não será muito difícil para mim, porque chegam a ser próximos, quando não tiver a fazer vídeo clips vou estar a fazer filme independentemente da produção.
O que passará a diferenciar os trabalhos de Edgar Cláudio de outros produtores do mercado nacional? Não sei! …é sério não sei, acho que todos os fazedores da arte então engajados em fazer com que o cinema nacional para de gatinhar e começa a dar passos, é nós queremos participar desse movimento trabalhando