Apesar de as estatísticas apontarem para 80 por cento o número de pessoas cristãs no país, dificilmente os artistas gospel conseguem vender 5 mil cópias, um problema atribuído à fraca cultura musical dos crentes, por um lado, e por causa da falta de educação musical dos angolanos, consideraram, os fazedores do estilo, numa recentemente entrevista à Carga.
A evolução que o Gospel conheceu, em termos rítmicos e na mensagem, nos últimos tempos, quase ou não se traduziu no tipo de produto que este género é hoje em Angola, por conta dos próprios cristãos, que, muitas vezes, consideravam mercantilistas cantores como Dodó Miranda, criticando que vender discos de música gospel é o mesmo que comercializar a “Palavra de Deus”.
“ Antes a música gospel só se fazia na igreja e isso fez com que nós atrasássemos o percurso e a evolução do gospel”, afirma Kark, para quem pastores, bispos, reverendos e outros responsáveis das igrejas devem ajudar na campanha para a mudança de mentalidade dos crentes, porque mudança tem que partir onde começou o problema, na igreja.
No entanto, Dodó Miranda, Irmã Cubana, Kark e o produtor de evento Michael reconhecem que o Gospel em Angola está num nível aceitável, porque hoje já não são só os cristãos que ouvem este estilo de música.
Agora, o passo a seguir será levar o gospel angolano para o estrangeiro. Antes disso, deve-se preparar algo que já teria sido feito, se houvesse no princípio mais pessoas com a visão e mentalidade de Dodó Miranda.
O músico levou o gospel para fora da igreja e procurava, há anos, transformar o estilo num produto cultural e rentável.“Se existissem mais pessoas com a visão e a mentalidade de Dodó Miranda, já teríamos hoje um mercado de música gospel bem mais aceitável”, afirma Kark, uma afirmação partilhada pelos artistas na entrevista abaixo:
