Fundada em 1993, a Banda Maravilha é uma das formações musicais mais profissionais da actualidade. Sua musicalidade é caracterizada pela mistura dos instrumentos tradicionais do Semba com os modernos. Em entrevista à Carga, explicam as participações de Irina Vasconcelos, Livongue e Karina Santos no novo álbum e fazem uma breve análise sobre o actual estado do Semba.
O que se pode realçar nesse álbum ?
As principais novidades são o facto de ter a participação de muitos músicos instrumentistas, coisa que não aconteceu nos nossos CDs anteriores, porque nós sendo instrumentistas éramos mesmo nós que tocávamos os instrumentos e também a participação dos cantores Filipe Mukenga, Martinho da Vila, Elias Diá Kimuezo, Irina Vasconcelos, Karina Santos, Livongue. Outra novidade, é o facto de termos pela primeira vez feito uma mistura de Semba com Kuduro.
Onde é que enquadram esta fusão?
Essa fusão está numa miscelânea de vários sembas que nós fizemos e terminamos introduzindo alguns kuduros bastante conhecidos.
Porquê a mistura ?
A terminar os nossos espectáculos nós executávamos sempre músicas com ritmos acelerados com o intuito de terminar em grande, até que um dia juntamos a um Semba bastante acelerado uma sequência de vários kuduros o que resultou muito bem com o público a entrar em delírio. A ideia resultou tão bem que passamos a fechar todos os nossos espectáculos dessa forma e decidimos registar em disco essa interessante experiência!
O que falta para apresentarem a obra?
O lançamento do nosso quinto CD está dependente de primeiro ir para a fábrica e ainda não foi para a fábrica porque não temos divisas para tal. Nós temos pronto e faltando apenas ir para a fábrica e imprimir as cópias o nosso 5 CD.
Quantas cópias pretendem imprimir?
Pretendemos imprimir 5 mil cópias e claro que também iremos disponibilizar para as plataformas digitais.
Parece que a pandemia acabou por complicar tudo…
O Covid-19 afectou e muito a nossa agenda porque para além de termos cancelado vários espectáculos, que já tínhamos marcados, também estamos quase parados sem fazer nada porque a nossa agenda era essencialmente preenchida semanalmente por tocar em restaurantes e bares que neste momento não podem abrir e ficamos assim sem poder tocar e ganhar o sustento das nossas famílias.
Recentemente, protagonizaram o Show do Mês Live. Como é que foi se apresentar para um “público virtual”?
Para qualquer músico, e nós não fugimos a regra, apresentar-se em qualquer lugar com um número reduzido de público é frustrante, porém são essas as circunstâncias que vivemos hoje e que esperamos ultrapassar em breve, portanto temos que nos adaptar.
Como é que se toca o Semba actualmente?
É com alguma tristeza que vejo alguns instrumentos característicos do Semba serem deixados de lado em detrimento de instrumentos electrónicos que na sua maioria são mal introduzidos no Semba.
Como é que está o Semba hoje?
O Semba está bem. Goza de boa saúde, porque hoje vemos muitos jovens preocupados em gravarmos seus CDs um ou mais Sembas, apesar de isso causar as vezes graves problemas de definição de o que é Semba é o que não é.
Como é que se resolveria isso?
O aprendizado e contacto com os nossos instrumentos mais tradicionais deveria ser dado na iniciação das nossas escolas, mas isso são outros assuntos tal como as nossas línguas nacionais que se estão a perder.
Já passaram por diversas transformações. Que mudanças efectuaram nos últimos dias?
De realçar que a cantora Djanira Mercedes já não faz parte da Banda Maravilha, porque ela própria decidiu iniciar uma carreira a solo.