Quando o actual chefe de estado chegou ao poder, o cantor de Afrobeat tinha 4 anos, agora Bobi Wine se tornou na maior ameaça do presidente Yoweri Museveni, de 75 anos, por ser fortemente apoiado pelos jovens, que constituem a maior franja daquele país.
Os eleitores foram às urnas hoje, depois de um clima tenso-redes sociais do WhatsApp, Twitter e Facebook bloqueadas e a Internet inoperacional por dois dias.
No meio deste ambiente todo, o músico ugandês de 38 anos tentará encerrar, através das eleições, o reinado do presidente Museveni, que desde 1986 lidera o país.
Como estrela da música pop local e de países vizinhos, Bobi decolou no início da década, com músicas de sarcasmo, crítica e denúncia públicas. Dedica-se ao Afrobeat, misturado de Rap, Reggae e Jazz. Basta recordar o hit “Filthy Rich” (podre de rico), em que satiriza a elite do seu país.
O auge do estrelato veio em 2016, com o convite para compor uma música para a trilha de “Rainha de Katwe”, produção da Disney sobre uma jovem pobre de Uganda que se torna campeã de xadrez, com a actriz Lupita Nyongo no elenco.
Sempre de boina vermelha, que declara ser um símbolo de resistência inspirado em Che Guevara e revolucionários africanos, Bobi lançou-se como candidato a presidente do país da África central, à frente do movimento People Power (força do povo).
É caloiro na política. No Parlamento do Uganda, onde é deputado desde 2017, Bobi Wine é Robert Kyagulanyi Ssentamu. Mas na política utiliza o seu nome artístico. Converteu-se para activista político, deputado independente (sem filiação partidária) e presidenciável.
Wine vê-se como líder de um movimento da juventude ugandesa contra uma “cleptocracia”. “O regime de Museveni é corrupto e dilapidou os cofres públicos. Não há império da lei, não há democracia e não há respeito aos direitos humanos”, afirma o cantor.
Sua campanha atraiu várias multidões formadas sobretudo por jovens, que fazem os 50%, da população desempregada e sub-empregada.