Conheça Silva Canganjo, o pensador do projecto Retrato

Despontou no teatro como actor e, actualmente é o mentor de uma iniciativa grandiosa e impactante, no que toca a tributos artísticos, o Retrato. Que vem desenhando, há três edições, um projecto que se adivinha promissor, tendo o último deles constituído um marco para o Hip Hop nacional, sendo a primeira vez que uma figura singular do Rap é retratada em teatro.

Na arte de resistência, tem como pilares José Teixeira, Valdemar Francisco, Adelino Caracol e Gilberta Kapitango, nomes que são sinónimos da qualidade que se “imprime” nos trabalhos que Canganjo se propõe a fazer. Não é à toa que já é taxado como a promessa do teatro musical em Angola.

Mesmo na contramão de espectáculos ao nível de Broadway, levou a vida e obra de Kizua Gourgel, Eduardo Paim e recentemente de Big Nelo ao teatro dando-lhes em vida a merecida homenagem.

Na sucinta conversa com a Carga Magazine, Silva conta como tudo começou, garante que a qualidade não advém das grandes estruturas e promete continuar a trabalhar para que os musicais conquistem um lugar de destaque nas lides artísticas.

Conheça Silva Canganjo, o pensador do projecto Retrato

Quem é Silva Canganjo?
Sou um jovem sonhador, acima de tudo muito lutador. Vim da província do Bié, sou professor do instituto médio de artes, Ceart e, estudante do Ensino Superior do Isartes, Actor do grupo Njila, Produtor e criador do projeto Retrato.

Partilhe detalhes da sua trajectória artística…
Comecei a fazer teatro por intermédio de um primo, Tavares André ‐in memoriam, sempre que ele ia ao teatro eu o seguia, até que um dia fui apresentado ao grupo Muxima Yeto. Este foi o meu primeiro grupo, depois pertenci ao grupo da igreja católica São Pedro, que posteriormente mudou o nome para Kakul-Valy, depois de uma actuação pedi ao Adelino Caracol para entrar na sua companhia e mais tarde Fernando Carlos convida-me para integrar o Njila Teatro.

A partir daí entro para instituto médio de artes Ceart, no curso de teatro, durante 4 anos sai melhor aluno, terminei entrei logo no concurso público como e hoje sou docente.

Como surge a ideia de retratar os artista, numa forma de teatro ainda pouco vista em Angola?
Certa vez, fui assistir o concerto do Kizua Gourgel e, chamava-me atenção a sua forma de cantar e tocar uma música, e a seguir a explicação sobre a mesma música… aí pensei por detrás das músicas dos artistas há uma história, a alegria e tristeza, então por que não contar essa mesma história?

Por esta razão, Kizua Gourgel foi o ponto de partida, passei a estudar mais o artista, com o intuito de contar a sua história de uma maneira artística, fui ter com o professor José Teixeira que abraçou prontamente a ideia.

Sabe‐se que a ideia é sua, mas quem são os outros intervenientes do Ceart que tiveram um papel crucial para que o Retrato saísse do papel?
Nesta parte, os créditos vão para José Teixeira, Gilberto Kapitango, Marilandia Neto e Elias Paulo.

Nalgum momento sentiu‐se desacredito e forçado a desistir?
Isso é o meu pão de cada dia, na verdade fico triste em saber que aqui não dão apoio e valor a coisas desta natureza, ainda não sabemos dar valor a matéria cultural.

O teatro por si só, é considerado em Angola como a arte da resistência, acha que o teatro musical vingará a curto prazo? 
Será a longo prazo, visto que é uma lufada de ar fresco, logo só vai depender dos fazedores, a única certeza que tenho é que continuarei a fazer.

O projecto Retrato é deverás grandioso e impactante, mas ainda assim, o que está na base da pouca divulgação?
Cada coisa ao seu tempo e nível, visto que aqui as políticas publicitárias são caras, mas o projecto já está a bom porto.

Da concepção à execução, normalmente quanto tempo tem trabalhado?Na verdade a demora sempre foi de dois anos, mas não é porque deve ser assim, são os poucos recursos económicos que faz com que se demore tanto.

Dentre convencer os homenageados, passando pela concepção e execução, qual considera a parte mais difícil?
Todos, cada um com a sua particularidade.

Até então, três nomes passaram pelo seu projecto. Qual deles foi o mais trabalhoso?
Big Nelo, pela vasta história, e a localização geográfica das pessoas que podem contar a sua história.

Como se deu a selecção do elenco e quais são os requisitos para participar do projecto. Há no Ceart um predomínio de actores que cantam e dançam, de músicos que actuam e dançam ou de bailarinos que actuam e cantam?
Na verdade tiramos alunos do Ceart e Isart, por serem pessoas ligadas ao estudo artística e deve ser começar a colocar eles ao mercado, mais tendo em conta os perfis.

Quais são os maiores desafios de se fazer um musical com música ao vivo?
A repetição de ensaios, e a qualidade dos técnicos.

Foi passada a ideia de que não têm falado com o artista “retratado”   durante a fase de pesquisa. Há emoções/situações que são vividas na primeira pessoa, não receia que não dê o resultado fidedigno?
Na verdade falo com o artista, mas ele não vê a peça, temos muito cuidado quanto a isso. Nunca aconteceu, nós sabemos bem como fazer as coisas.

É parte da vossa estratégia, justamente para não estragar o factor surpresa, até para o próprio homenageado?
Sim não faz sentido o artista estar presente nos ensaios, doutra forma não terá a magia do segredo .

Como funciona o processo de resumo do grosso de informação proveniente da pesquisa?
Esta parte é da responsabilidade do responsabilidade do director artístico, o professor José Teixeira. Eu apenas faço a busca e entrego o material ao mestre.

Já agora, é possível falar de Big Nelo sem falar dos SSP?
Não é, e nunca será: o Big Nelo é o SSP.

Para quem não teve a oportunidade de assistir a nenhuma das edições, haverá uma segunda chance?
Não queremos prometer nada… os Musicais têm muito custo então, estamos a ver como dar mais reposições.

Qual foi o feedback da crítica com relação ao `Retrato da Lenda´?
Positivo, mil maravilhas.

E por que somos no fundo os nossos maiores críticos, que avaliação faz deste musical em particular?
Ultrapassou a minha expectativa, só tenho a chorar e agradecer a toda equipa desde o director José Teixeira até a senhora da limpeza.

Que novos projectos tem na forja?
Estou de malas feitas para o norte da América para realizar um trabalho de cinema e já a preparar o próximo artista do Retrato.

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