Os restos mortais dos músicos Artur Nunes, David Zé e Urbano de Castro podem estar entre os dez corpos recuperados, cuja confirmação está a ser feita através da comparação de material genético.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, à saída da terceira reunião da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) em que foram apresentados balanços dos subgrupos de microlocalização e exumação de ossadas, médico-forense.
“Há fortes probabilidades que, uma vez concluídos os exames às famílias e aos ossos se possa chegar à conclusão de que alguns destes sejam, efetivamente, o que estamos a pensar”, disse Francisco Queiroz, sublinhando, no entanto, que o trabalho exige rigor técnico e paciência, pelo que não se podem indicar datas.
De acordo com o governante, foram localizados corpos de dez pessoas que estão a ser trabalhados pela equipa médico-forense para que seja possível comparar o ADN com os resultados genéticos obtidos juntos de 35 famílias.
“Não há certezas sobre a quem pertencem os ossos desses dez indivíduos, são oito com ossos completos e dois com ossos parciais”, afirmou, admitindo que podem ser de pessoas relacionadas com o 27 de Maio pelo modo e local como foram encontrados.
Mas, referiu o ministro, s indicadores apontam para que sejam pessoas relacionadas com o 27 de Maio, designadamente Nito Alves, Pedro Fortunato, Bakalov, Monstro Imortal, Sita Valles , José Van-Dunem, David Zé, Urbano de Castro, Domingos Barros “Sabata” e Artur Nunes, e ainda Júlio e Ilídio Ramalhete, gémeos funcionários da ex-DISA.
Entre eles, estão figuras centrais do 27 de Maio como Nito Alves, então ex-ministro da Administração Interna e apontado como líder do suposto golpe, o guerrilheiro Monstro Imortal e os ex-membros do Comité Central do MPLA, Sita Valles e José Van-Dunem, acrescentou o governante.
“Como vêem a lista, são mais do que os dez corpos que encontrámos, mas enviámos cartas às famílias de todos estes para recolhermos o material genético e fazer o cruzamento”, explicou.
A CIVICOP vai deslocar uma equipa para recolha do material genético a Lisboa, onde se encontram alguns familiares das vítimas, mas o exame de ADN será feito em Angola.