No seu novo álbum, o músico faz uma homenagem aos “badius”, povo genética e eticamente oriundo da África e formados em Cabo-Verde. Exímios agricultores, este grupo caracterizava-se pela sua pele escura e destacava-se pela sua bravura e rebeldia ante a dominação colonial.
O disco homónimo é também inspirado no nascimento do primeiro filho do artista e será lançado a 26 deste mês, enquanto se aguarda pelo concerto de apresentação em Abril próximo, no Coliseu de Lisboa.
Revestido por uma paisagem bucólica, onde o som do batuque despe a kizomba e de tudo o que é supérfluo, colhe harmonias numa perspectiva em que só a morna consegue, ‘Badiu’ sucede “Kriola”, lançado em 2020, e é uma ode ao seu novo modo de vida.

Em comunicado divulgado pela imprensa portuguesa, realça-se que a obra resulta de “um contexto de pandemia que se revelou demasiado intenso”, tendo deste modo, estado rodeado de uma equipa de estúdio, músicos, produtores, família, e durante quatro semanas refugiou-se nos arredores de Lisboa, onde viveu, respirou, maturou e executou ideias, sons, pensamentos, música.”, lê-se.
O próprio considera que o álbum é inspirado “na jornada do povo Badiu do interior da ilha de Santiago até às metrópoles da América e Europa, até à minha Quarteira umbilical”, explica Dino d’Santiago. “A música é o grande passaporte da cultura cabo-verdiana no mundo.”
A ilha de Santiago ficou conhecida como “a mais africana das ilhas de Cabo Verde”, por ter recebido o maior número de pessoas escravizadas dos territórios onde se situam hoje o Senegal e a Gâmbia.
É o lugar onde a população negra fugia do cativeiro para as montanhas do interior. É estes grupos de escravizados foragidos que se chamou ‘Badius’ (vadios). Um termo historicamente depreciativo, mas que a partir do século XX foi sendo reapropriado e promovido a símbolo de resistência nacional e orgulho” do povo de Cabo-Verde.