Mandas é dos mais representativos djs de Afro House no mundo. Vive actualmente na China e é o dj residente da Play House, um dos mais importantes club daquele país. Conquistou o respeito dos filipinos, russos, guineenses e brasileiros, depois de começar a carreira no Brasil, influenciado pelo Kizomba, Zouk, Hip Hop e música electrónica.
Intransigente, Mandas tem um estilo próprio e define-se como um artista autêntico e não mede esforço, todos os dias, trabalha arduamente para deixar um legado aos mais novos.
Para melhor representar a sua cultura, está a desenvolver o Afro Tina, uma fusão da tina-que é um estilo musical e ao mesmo tempo dança tradicional da Guiné-Bissau-com o Afro House.
Foi na Guine Bissau que nasceu. É fã e admirador confesso da música angolana e agendou alguns lançamentos este ano.
Foi uma grande virada. Estava na Guiné, depois vai ao Brasil para estudar e lá, começa a seguir a carreira musical. Conte-nos como é que isso se procedeu?
Sempre gostei muita de música, mas nunca tinha pensado em ser um artista, no caso um dj. Quando fui para Brasil, o objectivo era terminar a faculdade e voltar para a Guiné-Bissau, porém acredito que a minha trajectória na música já estava “escrita” as coisas foram acontecendo de uma forma natural. O amor à música levou a coragem de tocar em discotecas, quando começam a surgir oportunidades. Não tardou para que eu começasse a tocar na Zona Sul do Rio (Copacabana) e com o passar do tempo começam a surgir convites por todo o Brasil, toquei em São Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte, Juiz De Fora.

Foi em 2014 que decide apostar seriamente na música. A partir de que momento sentiu que valia a pena investir na carreira profissional?
Em 2014, terminei o curso de Direito. Como, aparentemente, já tinha diploma a que me propus alcançar, depois segui o meu coração, ser um artista a “full time”. Graças a Deus foi uma aposta ganha, vivo da minha profissão e o faço com amor.
Até que ponto as suas origens influenciam nos estilos musicais que toca?
A cultura e músicas africanas têm uma influência forte em mim, sou apaixonado pelas minhas raízes. Os instrumentos tradicionais, são uma fonte de inspiração ao qual junto os beats, falei da Tina, mas também há o Kora, entre outros que produzem sons extraordinários, acredito que ainda há muito por explorar no Afro house, e quero surpreender muito mais com este estilo.
E como é que vai parar à China?
Vim a convite do meu melhor amigo que tinha negócios aqui na China. No início, a intenção era passar uma temporada aqui, e depois voltar. Acabei por ficar até hoje (risos).
Depois disso, começou a receber convites e actuou em países como Rússia, Filipinas, China e na Guiné. Como é que fez para conseguir estar nesses locais?
Sim, toquei na Rússia, embora não seja nenhuma novidade para as pessoas que me conhecem bem, porque eu sou casado com uma russa (risos). Sou dj residente de um dos melhores club da China “Play House”, o que acaba influenciando muito aqui na Ásia, e isso abriu portas.

Além de dj, tem algumas músicas lançadas com as quais tem conseguido algum sucesso. Que projectos musicais está a preparar? Sim, dei os meus primeiros passos como produtor em 2016. Meu primeiro Single foi a “No Money No Party”, que lancei junto com um amigo produtor em 2018. No início deste ano, assinei com uma nova Label, a “Kavi Music” e, desde então, não paramos! Esta Label dá-me o suporte que todo o artista gostaria de ter e permite focar-me no meu trabalho. Já lançámos três singles que incluem “Mantenha” com o grande Manecas Costa; “Human” com a diva Karyna Gomes” e “Nha Love” featuring Jalex.
Estou focado em desenvolver mais ainda o meu estilo afro tina, uma fusão da tina-que é um estilo musical e ao mesmo tempo dança tradicional da Guiné-Bissau-com o Afro House. Espero lançar meu próximo single já no início de 2021.
É dos mais representativos djs no mundo do Afro House. O quê é que está a fazer para que o seu legado se perpetue?
Considero-me um artista autêntico e, para mim, esse é um factor importante para deixar legado no mundo da música. Eu represento e protejo a minha cultura, e dessa forma vou inspirando os mais novos.
Lançar um álbum é algo que já anda nos seus planos ou nem por isso?Sim, com certeza. Vários singles acabam transformando-se em álbum. Mas, no momento não estou a pensar em lançar álbum, porque, na verdade, não é uma decisão minha, tenho várias músicas prontas e se a Kavi Music achar que chegou o momento de lançarmos álbum, então que seja.
Como é ser dj na China? Sendo de um país com cultura e tradições totalmente diferentes?
O mundo da música mudou muito, hoje a China é um dos maiores mercados para os djs famosos da Europa e América. A China tem um dos melhores clubs do mundo, em termos de estrutura, e estão muito avançados. A música eletrônica invadiu o mercado chinês e o retorno é muito bom. No início foi difícil, mas graças a Deus a adaptação a este país e mercado, felizmente está a correr bem.
Conhece alguns músicos ou música angolana?
Eu sou fã e admirador confesso da música angolana. Como todo amante da música, escuto Anselmo Ralph, Matias Damasio, Yuri Da Cunha, Paulo Flores, Anna Joyce, Don Kikas… A lista é longa (risos).
Que músicos angolanos tem tocado com alguma frequência nos locais por onde passa?
Para ser sincero nenhum. Nos últimos anos, tenho tocado mais aqui na Ásia, mas espero poder trabalhar com alguns músicos angolanos em breve.
Que músicas ou artistas nunca podem faltar no seu performance e porquê?
Nomes como Djeff Afrozila, Prince Kaybee, Black Coffee não podem faltar, porque são artistas que me influenciaram muito.
Qual é a playlist que não pode esquecer de levar a um evento?
Todas as minhas músicas é claro (risos).