Relatos detalhados de “terror”, exaustão, violência e dominação constituem metade do enredo do novo filme não-ficcional homónimo de Tina Turner. A produção exclusiva do HBO, já estreou no norte de América e, foi uma maneira da artista dizer “Obrigada e adeus”, à vida pública.
Antes de ser uma figura pública, qualquer um é um ser humano e, humanizá-los é uma algo que pouco ou raramente se faz. Os episódios sombrios da vida deste ícone sempre foram do conhecimento público, mas a artista nunca quis revisitar as partes mais sofridas do seu passado, que vieram à tona pela primeira vez em um perfil de 1981 na revista People .

Nascida Anna Mae Bullock em 1939, cresceu em Jim Crow South e mais tarde foi abandonada por seus pais. Teve sucesso com o marido Ike Turner, mas sofreu abusos horríveis durante seus 16 anos de vida conjunta. Tina esperava que confessar tudo à People fechasse o livro daquele capítulo da sua vida. Mas em vez disso, tornou-se parte de sua lenda, uma lenda que ela teria que recontar, revivendo o trauma repetidas vezes, conforme sua popularidade crescia.
“Os espancamentos, violência sexual e psicológica geraram muitas sequelas. Actualmente, Tina sofre de estresse pós-traumático e afirma que, com frequência, tem flashbacks que remetem a época. O alemão Erwin Bach, actual marido, compara o sofrimento da esposa com o mesmo nível de estresse dos combatentes após voltarem da guerra… “
No novo documentário Turner, agora com 81 anos, volta a explicar, pela última vez, as nuances, dificuldades, trauma e abusos que suportou ao longo de sua vida, fazendo do projecto é um retrato poderoso da própria sobrevivência.