O músico está a celebrar 25 anos de carreira e na próxima semana vai protagonizar um grande espectáculo, no Capitólio, em Lisboa. Em entrevista à Carga, apresentou o alinhamento artístico e aproveitou para falar sobre suas ambições e que gostaria de ter conseguido ao longo dos 25 anos, para além de descrever o actual estado do Kizomba.
O concerto acontece às 14 horas e 30 minutos do próximo domingo no Capitólio, em Lisboa, e será transmitido pela TPA, RTP Internacional e em várias plataformas digitais e será nostálgico, porque Don Kikas promete reviver sucessos de álbuns como Sexy Baby, Pura Sedução, Xeque Mate e Raio X.
É difícil, para não dizer impossível, dissociar a música de Don Kikas da vida dos angolanos, pois, numa altura em que o país enfrentava a guerra fratricida, a fome e a desgraça roíam a esperança de muitos angolanos e as canções de Don Kikas, em particular, “Esperança Moribunda” , “ Na Lama do Amor” e “Angolamente Sensual” serviram de bálsamo e animavam as pistas de dança.
O quê está a marcar os 25 anos de carreira e que alinhamento artístico preparou?
O concerto vai ser basicamente uma viagem pelos temas mais conhecidos e marcantes da minha carreira nestes 25 anos. Considerando que uma das coisas mais marcantes para mim foi ter criado uma relação longa e harmoniosa com o meu público de vários países, começando por Angola, então vai ser também uma celebração de irmandade entre os povos.
Músicas estas que passaram a fazer parte da memória colectiva dos angolanos. Quando recua no tempo e se recorda de onde tudo começou, o que lhe vem à alma?
Uma sensação de gratidão por meu povo me ter dado a oportunidade de ver algumas músicas minhas a resistirem no tempo. É importante perceber que entre artista e o público, o povo é sempre quem manda.
O que gostaria de conquistar nesses 25 anos ainda não conseguiu?Gostaria de concretizar o sonho de ver e fazer parte de uma verdadeira internacionalização e expansão da música angolana a nível mundial. Sei que temos potencial para isso. Faltam-nos as melhores estratégias.
Habituou os seguidores a espectáculos com guitarra, piano, harmónica, baixo, bateria e percussão. Qual será o formato do concerto?
Terá uma duração de duas horas. Terei uma banda de 10 elementos composta por músicos que já trabalham comigo há bastante tempo. Terei pelo menos dois convidados de luxo, artistas mais velhos, com quem tive o prazer de fazer duetos que foram grandes sucessos.
Como é que projecta os próximos 25 anos?
25 anos é muito tempo. Mas espero continuar a fazer a minha música com entrega e sinceridade de sempre e que o público continue a gostar e a dar-me a oportunidade de subir aos palcos.
Qual é o seu ponto de vista sobre o actual estado da música, sobretudo os estilos que mais se dedica Kizomba e Guetho Zouk?
Creio que já esteve melhor em alguns aspectos. Mas também temos aspectos positivos dos últimos tempos. A nível de originalidade, acho que temos estado a perder. Os artistas estão a tornar-se cada vez mais previsíveis na música que fazem, e isso quebra o encanto da arte. Entretanto, é muito positivo o surgimento de muitos jovens promissores com grande talento, tanto cantores como instrumentistas. Falta-nos também termos um mercado nacional mais estável, com mais oportunidades para os músicos, independentemente dos lobbies e esquemas já conhecidos. Assim como a música tradicional devia ter um lugar preservado e intocável, para não perdermos a matriz.