Elias Miguel: “Diferente do gospel, há muitos cantores na nossa praça com problemas de base”

Para quem percebe de música e conhece Elias Miguel não tem a menor dúvida de que o artista merece todo o respeito na música angolana, principalmente no estilo gospel. É ele o autor do popularizado tema “Tua Palavra”, disponível nas plataformas digitais.

Além de cantar, compor, tocar guitarra e a bateria, Elias produz e faz arranjos, que o define como um artista completo. Ao longo dos seus 20 anos de estrada foi, por várias vezes, apelidado de o ‘Cef Tanzy do Gospel’, por causa da facilidade e versatilidade com que se enquadra nos cantos.

Elias vive uma nova fase da carreira ao lado da produtora Mássimo Som, com a qual, este ano, lançará o álbum de estreia e diz que não foi fácil, “furar”, apesar de a música e os artistas gospel apresentarem muito mais qualidade.

Com um olhar firme, o músico afirma que a igreja é o celeiro dos cantores, por isso é muito difícil encontrar músicos gospel com problemas de afinação, o que não acontece com os artistas seculares.

Em entrevisa à Carga, apontou caminhos e deu luzes para o retorno imediato de quem quiser investir na música gospel e acredita que o investimento no estilo pode ser muito mais rentável que a música secular, porque hoje em dia os angolanos ouvem muito a “mensagem da salvação”.

Elias Miguel: “Diferente do gospel, há muitos cantores na nossa praça com problemas de base”

Acha que Angola é um mercado fértil para a música gospel?

Muito.

Como justifica o lugar em que o estilo se encontra hoje?

Falo isso por experiência. Tenho vinte anos de estrada. conheço muito daquilo que é o gospel e nos dias de hoje há muita gente a consumir gospel, seja cristãos ou não. Se um empresário fizer bem o estudo de viabilidade e tirar um milhão ou dois de Kwanzas e investir num artista gospel, este empresário não tem como em menos de um ou dois meses não recupear o seu dinheiro.

E como conseguiria recuperar? Dou um exempo muito prático, eu lancei em 2018 a minha música “Tua Palavra”. Quando lancei trouxe muito comentário por ser uma música no estilo Ghetto Zouk e isto não era visto no gospel. Muitos não entenderam e eu fui muito criticado, duramente. Primeiramente, pela minha família, que é cristã tradicional. Eu já canto há muito tempo, mas aquela foi a música que me abriu muitas portas. Fui em locais que nunca pensei que eu iria por conta daquela música. E aquela música nem teve patrocínio como tal. Foi mesmo minha sapiência. Não fiz tanta publicidade naquela música mas consegui tirar muito dinheiro com ela.

Está a dizer que o gospel pode competir em linha de igualdade com outros estilos musicais?

O gospel em Angola só não superou a música secular porque não teve investimento. Eu conheço pessoas no gospel que são artistas. Não estou só a falar em termos de canto, estou a falar de artistas. Pessoas que, por si só, concebem escrevem, fazem arranjos, produzem, e são professores de canto. Diferente do gospel há muitos cantores de músicas seculares na nossa praça com problemas de base.

Quem canta para Cristo chega a ser mais completo?

Claro. O músico gospel é completo. Nós aprendemos a cantar na igreja desde a tenra idade. A igreja é o celeiro dos cantores. É muito difícil encontrar músicos gospel que passou nesse todo processo com problemas de afinação. 99% dos músicos gospel que eu conheço não tem esse problema, coisa que não se vê noutro lado. 60 ou 70% dos músicos gospel que tiveram essa caminhada toca um ou dois instrumentos musicais e já tiveram cursos especificos de canto. Cursos profissionais de canto.

“Tua Palavra” é essencialmente Ghetto Zouk e a Carga sabe que no seu álbum também há varidade de estilo. Não será este tipo de mudanças que leva empresários não apostarem na música gospel? Parece indecisão.

Na verdade, a perspectiva que tivemos é tirar um CD versátil, maduro e que visa alcançar todo mundo. Nas lides gospel, sou conhecido como cantor de worship (música de adoração), no entanto sou conhecido como um cantor versátil, porque tenho músicas de quase todos os estilos. Só para ter noção tenho música até no estilo kuduro. Tenho gopsel no estilo Kuduro. No CD vai vir uma música totalmente Ghetto Zouk, Naija, Funk Blues, uma mistura de RnB, Soul Music e Rumba congolesa, um clássico voz e piano.

Os artistas têm sido acusados de serem os principais culpados da ruptura social que se observa hoje na sociedade. Acha que, se ouvissêmos mais a música gospel as coisas podiam ser diferentes?

Não diria que sim, nem que não, porque tudo parte lá do topo. Mas posso dizer que quem ouve a música gospel pode ser uma pessoa melhor. Mas o mundo é não só feito de música gospel.

É um esilo que enfrenta muitas dificuldades para se impor, como foi possível resistir da música secular?

Só não mudei de estilo, poqrue antes de ser cantor, sou cristão. Já fui convidade por uma cantora de renome da nossa praça para cantar música secular. Ela viu-me a cantar e pediu-me para participar no seu CD, por acaso foi um CD que bateu muito, eu respondi que eu só canto para Cristo. Mas não é no sentido de menosprezar os outros, porque até já escrevi para muitos artistas e também tenho escrito para pessoas que fazem músicas seculares.

Actualmente já é possivel viver-se da música gospel?

Ainda não, mas já se faz alguma coisa. Nós costumamos dizer que ainda não se faz cachet com a músuca gospel. É apenas um certo incetivo que a pessoa recebe em função da admiração da pessoa que lhe convida.

Um artista gospel com o mesmo sucesso que o secular  o cachet ainda chega a ser inferior. Qual foi o catchet mais alto que recebeu?

Durante esse periodo todo de carreira, o cachet mais alto foi 220 mil Kwanzas dentro da igreja. Nunca cantei em algum concerto gospel que tenha recebido um valor acima de 60. Mas estou aberto a concertos, seja ele secular.

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