O Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INIC) do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente decidiu, esta terça-feira, retirar do vencedor da edição 2020, Lourenço Mussango, o Prémio Literário António Jacinto.
O escritor angolano havia sido sagrado vencedor com a obra “Mulher Infinita”. Entretanto, após a divulgação, o Júri constituído pelos professores Joaquim Martinho e Domingas Monteiro, recebeu uma denúncia, através das redes sociais, do escritor brasileiro Paulo Cantarelli, sobre a existência de plágio do seu conto, “Serena”, na obra “Mulher Infinita”, algo que Mussango negou e disse, na altura, ter provado o contrário junto do INIC.
Perante tal situação, o corpo do júri procedeu à comparação dos dois contos, “Mulher Infinita” e “Serena”, tendo concluído haver “confluências morfossintáticas, estruturais e de conteúdo” que configuram, na verdade, a existência real de plágio.
Em reacção à decisão, Lourenço Mussango afirmou que tanto o júri como o INIC não fizeram nenhuma avaliação das provas materiais para se chegar à conclusão sobre quem plagiou quem. O escritor diz ainda que o júri limitou-se em considerar o facto de o jovem brasileiro publicar a sua obra um ano antes, descartando o facto de que os excertos (os da confluências morfossintáticas) estiveram públicos no nosso Facebook em 2017, antes de este ter publicado o seu livro.
Apesar das alegações de Mussango, o INIC deu os factos como provados, descrevendo que “o original perdeu a criatividade e violou o ponto 2 do Artigo 3º do regulamento do Prémio Literário António Jacinto que determina que as obras submetidas a concurso devem ser originais, inéditas e de criação própria”.
No entender do escritor angolano, o júri decidiu demarcar-se para salvaguardar a imagem do INIC e, como afirmam, do Executivo. “Só temos a lamentar a maneira como a situação foi tratada, sem nunca me terem contactado. Não provaram nada. Apenas demarcaram-se”. E atesta que, sua “seriedade e idoneidade e enquanto escritor e editor de livros, continuará a contribuir para o crescimento da cultura nacional.