Com as constantes perdas que vêm se verificando nas indústrias culturais e recriativas as marcas que não abraçarem produtores independentes e músicos que gerem suas próprias carreiras correrem o risco de extinção. Cedo, a Rainha do Rock angolano e sua equipa perceberam o fenómeno, por isso lançam um apelo para a valorização do talento ao mesmo tempo que pedem as pessoas para mostrarem mais o seu lado filantrópico.
O regresso do Etimba Fest, dois anos depois, tem como objectivo valorizar o maior tesouro: o público e servi-los com o melhor, não só com o que “bate” e não alimenta a alma ou espírito altruísta. A 4a edição do festival de música do mundo realiza-se sob espírito de empatia e seriedade.
A vontade de querer ajudar uma pequena comunidade do Lobito, com a construção de uma biblioteca, que poderá beneficiar mais de 500 pessoas, “obrigou” Yuri da Cunha, Gilmário Vemba, Irina Vasconcelos Alba Nigra, Prince Wadada, B-SKilla e Chaló Correia a reunirem-se em Lisboa para dois espectáculos pedagógicos, que podem ser assistidos nos dias 19 e 26 deste mês através do NetShows”, Musickool e RTP África.
Depois de Portugal, o festival irá também a outros países, com destaque para América do Sul. Irina Vasconcelos, criadora e mentora do projecto, apresenta à Carga os detalhes e desenrolar do evento.
Depois do que aconteceu nos dos dias 3 e 4, o que seguirá?
Escolhemos o mês de Junho em que se celebra a criança, a literacia e a comunicação como os pilares da nossa celebração e awerness ecologia e Covid-19, desta feita até aos dias 3 e 4 estivemos a preparar os nossos conteúdos pedagógicos e mini concertos em Lisboa no Espaço Espelho de Água e em Luanda na Rádio Vial para serem divulgados/ streamados a 19 e 26 de Junho através das plataformas nacionais e internacionais nomeadamente, NetShows, Musickool e pela RTP África a fim de consolidar a realização deste sonho da comunidade do Vilarejú –Lobito que é a edificação de uma biblioteca comunitária no âmbito do PCEPP – projecto comunitário educação pela paz.
Tradicionalmente o Etimba Fest acontece anualmente, entretanto para a presente edição, tivemos que aguardar uns dois anos. A que se deveu este intervalo?
Fui mãe, dei á luz a dois anjinhos maravilhosos e mudei-me de Angola para Zâmbia para lhes poder dar um pouco mais da nossa África linda. Agora a residir em Portugal, acheipertinente e com a ajuda dos meus colegas da arte e não só, voltamos a estrada em nzambi. Somos um colectivo do bem por um mundo melhor tratando-se de um festival de músicas do mundo, somos itinerantes doravante apoiando a arte angolana fora das fronteiras territoriaisestamos no mundo inteiro.
É realmente um grande desafio conseguir realizar um festival nesses moldes, no meio detantas restrições. Como é que conseguiu reunir os artistas?
Devemos todos respeitar as medidas de segurança biossanitária, mas acreditamos, porém, que a classe artística tem uma mensagem intemporal pelo que iremos fazer streamings de internet, com lives e pela tv a fim de mitigar o medo de contacto nas interações, mas ao mesmo tempo praticar o bem e ter acesso a um bom conteúdo na celebração da arte africana da diáspora.
Costuma se dizer que, para os africanos que se comunicam em Português, Portugal é a porta de entrada para Europa. Qual é a possibilidade de se realizar o Etimba Fest em outros países europeus?
As possibilidades são positivas e analisávei. Existem datas históricas que queremos celebrar e espaços inúmeros por explorar nesse mesmo sentido histórico e inclusive cogitamos a América do Sul, depois desta 4ª edição. O que não iremos deixar de fazer é entregar-nos à sociedade. Em 2016 começamos o nosso festival de rua com edições de entrada livre hoje em 2021 um biblioteca comunitária no Lobito. O publico pede cada vez mais que os artistas intercedam por ele e os meus colegas e eu sempre demos o nossso melhor. Existe uma Angola unida e é underground.
É um festival que teve seu início em Benguela, aliás, é para lá onde vão os donativos recolhidos. Quando é que o festival será realizado em outras provincias?
Eu desenho festivais e projectos culturais e trabalhamos com os governos provinciais ou câmaras municipais. Agora que a nossa equipa aumentou com a entrada da Bússola Rítmica, fica mais fácil para mim gerir o nosso escopo de acção. O feedback é positivo, mas temos 18 províncias e todas elas têm uma história e um povo para celebrar, nós temos os recursos valorativos humanos para concretizar e algumas marcas e parceiros que trabalham connosco em confiança para concretizar mais e melhor estamos e estaremos sempre ao inteiro dispor para mais.
O mote para a 4 edição surge numa altura em é o mundo parece perder a esperança e torna-se premente para as pessoas explorarem mais o seu lado filantrópico e as indústrias culturais darem mais espaço ao talento. Gostaria de comentar sobre isso?
Claro que sim. Este e outros debates têm ocorrido nas nossas confabulações: É fulcral que as marcas que têm tido perdas repetidas de mercado face ao Covid-19 abracem os produtores independentes e músicos que gerem as suas próprias carreiras, a fim de valorizar o maior tesouro: o público e servi-los com o melhor, não só com o que “bate” e não alimenta a alma ou espírito altruísta, o mote agora é levantar a nossa sociedade com empatia e seriedade.