A Direcção Nacional da Cultura diz sentir-se culpada e admite ter falhado pelo facto de não atribuir nenhum prémio a Carlos Burity e aventa a possibilidade de atribuição a título póstumo.
Carlos Burity faleceu na manhã de ontem, na Clínica Girassol, em Luanda, vítima de paragem cardio-respiratória. A morte inesperada acontece numa altura em que o músico se preparava para a publicação, em Novembro deste ano, de mais um disco.
O director nacional da cultura descreve o autor de “Ojala Yeya” ( a fome chegou, em Português) como um patriota, que soube interpretar a alma do Semba.
Euclides da Lomba lamenta o facto de não chegar a tempo de reconhecer, em vida, os feitos de Carlos Burity com atribuição de prémios como o Nacional da Cultura, tal como aconteceu, embora tarde, com Waldemar Bastos.
“Foi uma falha não atribuímos nenhum prémio a Carlos Burity. É inacreditável Carlos Burity não ter recebido nenhum prémio. Não há aqui favores, pelo contrário, é uma obrigação moral. A culpa não é do governo, mas das pessoas”, criticou.
Entretanto, Da Lomba aventa a possibilidade de se corrigir o acto com um título póstumo e assume a culpa. “Assumo aqui certa culpa, não é possível o Carlos não ter recebido nenhum prémio. Obra póstuma não é a mesma coisa. Temos é de criar acções para que as pessoas sejam valorizadas em vida”, disse ao ser questionado sobre possibilidade de uma atribuição a título póstumo.
Carlos Burity viveu parte dos seus 67 anos a dedicar-se à música e é descrito pelos que com ele conviveram como uma pessoa calma e afável, traços que transportava para os palcos.
Maló Jaime, agente do músico, disse à TV Zimbo que estava previsto, em Novembro, o lançamento do próximo álbum do cantor. A obra sucederia “Malalanza” e conta com músicas inéditas. Está a ser masterizada em França e 75% foi concluído, mas agora sairá a título póstumo.