A Música Popular Angolana, que se actualiza no espaço urbano recebeu influências e absorveu, ao longo do seu processo de formação, técnicas de execução dos instrumentos musicais Ocidentais. Contudo, antes do seu surgimento já existia um segmento pré-urbano configurado no espaço rural.
Com o fenómeno da colonização portuguesa, nasceram os musseques, um espaço de transição entre o universo rural e a cidade, transformando-se no laboratório textual das canções.
A temática das canções, na altura, segundo Jomo Fortunato, evocavam situações cuja génese textual e formato espacial se projectava no “filho desaparecido no mar”; “a rapariga de mini-saia”, “o assédio sexual entre o patrão e a empregada doméstica”, etc..
Formação dos agrupamentos musicais
Muito antes da formação dos grupos, conjuntos e agrupamentos musicais haviam as turmas, embrião da grande maioria dos grupos musicais e cantores angolanos.
Em 1949, Manuel de Oliveira forma o grupo São Salvador. Está importante formação musical, pouco referenciada, foi a primeira a introduzir no Music Hall Angolano o Saxofone e o Clarinete e terá ainda influenciado muitos músicos da RDC.
Formação do Ngola Ritmos (meados dos anos 40)
De acordo com os depoimentos dos integrantes do grupo, Amadeu Amorim, Nino Ndongo e José Maria, referenciados em Reconstituição Histórica da Música Popular Angolana, de Jomo, as canções do Ngola Ritmos eram apresentadas de forma bruta e Liceu Vieira Dias definiu as grandes linhas estéticas do grupo.
Nessa altura, a Massemba (plural de Semba), passou para a virtuosidade das guitarras de Liceu Vieira Dias, José Maria e Nino Ndongo, dando origem ao Semba, aportuguesado de rebita.
Mais tarde, o Semba veio a ser aborvido por importantes guitarristas como José Keno e grupos que, no início da sua formação, usavam a viola acústica, a dikanza, a caixa e o chocalhos começam a introduzir instrumentos eléctricos.
Fenómeno de internacionalização da Música Popular Angolana
Uma das características da música popular é a sua facilidade de diálogo e de abertura a outros estilos e sonoridades, daí originaram-se agrupamentos como “Os Merengues”. Foi com este conjunto que se começa um novo ciclo de internacionalização da música angolana.
O Período Kissanguela. Esta formação surge imediatamente antes da independência e acompanhou a música engagé, revolucionária, de intervenção ou, simplesmente, canção política de Urbano de Castro, El Belo, Fató, Tonito, David Zé e Artur Nunes.
Há que se assinalar, em 1966, o surgimento dos “Negoleiros”, com uma textura sonora inspirada na “escola do Ngola Rítmos” e na generalidade dos rítmos luandenses do Bairro Operário e Marçal.
Antes disso, em 1963, Chico Montenegro junta seus primos para fundar os “Jovens do Prenda”, que sofreu ao longo da sua trajectória várias metamorfoses.
Tal como os Jovens do Prenda, os Kiezos têm a mesma validade histórica. Sem o lendário guitarrista Marito, lembra o pesquisador, os Kiezos não teriam a importância que têm.
Cantores e compositores como Catarino Bárber, Kinito, Rui Mingas, Filipe Mukenga, Carlitos Vieira Dias, Filipe Zau, Waldemar Bastos ou Paulo Flores estabelecem uma simbiose entre as raízes da música popular angolana e as variantes técnico-estilísticas, assentes nos padrões da música universal.