Fotografia: João Victor
Gilson Son é um MC com uma consistência lírica que muitos rappers renomados da nossa praça gostariam de ter. O jovem vive na rua e alimenta-se com pequenos restos de comida que encontra em contentores de lixo. Apesar da difícil vida, Gilson não perdeu o foco e, na semana passada, a sorte bateu-lhe a porta, inclusive DJ Samurai marcou com ele um encontro.
O rapaz é um mestre de cerimónia que sabe o que diz nas letras. Seu jeito de rimar está a atrair milhares de pessoas na Internet, até os veteranos do rap game. Samurai, por exemplo, sentiu-se obrigado a ir ao econtro do rapper para conhecê-lo pessoalmente e deu-lhe algum suporte material para a carreira e Biura, também.
Tudo está a acontecer graças ao gesto de Fly Squad que, após várias insistências do jovem, gravou-o e postou-o nas suas redes socais. O que provavelmente o influenciador não sabia é que o pequeno gesto ajudaria a fazer cintilar esta estrela de rua.
Gilson desenvolveu o gosto pelo Rap na infância. Foi a partir dos 14 anos que passou a interessar-se mais pela carreira artística, após ouvir “ Somos Campeões” de NGA ft Soraya Ramos, por influência de um vizinho.
O jovem de 19 anos conta que antes de ir parar na rua, vivia no bairro Paraíso (Cacuaco) com os pais. Certo dia, aos 14 anos, subtraiu 47 mil Kwanzas da conta bancária do pai para gravar uma música, porém não conseguiu gravar, porque um grupo de jovens roubou-lhe o dinheiro.
Na última semana, a sorte veio bater-lhe a porta e agora o MC se prepara para entrar num estúdio e gravar suas primeiras músicas e, consequentemente, projectar a carreira, que já conta com seis temas escritos.
“ Sim, foi. O pai disse que, se você quer fazer música, vai, se vira”, respondeu visivelmente melancólico ao ser questionado sobre os motivos que o levaram a sair de casa.
Antes de sair de casa, Gilson frequentava a 10ª classe, hoje alterna o trabalho de engraxador de sapatos e lavador de carros, um serviço que em breve terá o seu fim, porque o MC tem atraído e recebido várias ajudas para a carreira musical, devido ao seu talento.
“Cheguei na rua e não parei de escrever. Eu sabia que nas ruas da cidade passam alguns kotas. Vim à procura de oportunidade”, tentou justificar-se.
Como um menino de rua conveceu Fly e atraiu a atenção do grande Samurai
Era um dia como qualquer outro. Como habitualmente faz ao fim da tarde após um longo dia de passeios pela cidade de Luanda, Gilson dirigiu-se ao seu aconchego, num assento na Baía. De longe, viu uns jovens a jogarem basquebol e a ouvirem Rap numa BT. Apaixonado pelo estilo que é, aproximou-se e começou a assisti-los. Terminada a partida, os jovens puseram-se a andar e Gilson começou a segui-los, até que os covenceu a ouvirem-no. Depois de o escutarem com atenção, sugeriram que fosse ao encontro de Fly Squad na agência da Unitel dos Coqueiros.
“ Nós estávamos a sair dos Coqueiros a lavar carro, ao voltar passámos pela agência da Unitel e vi o Fly e corri até ale e chutei umas barras, ele mandou-me repetir, gravou e partilhou. Aquilo tornou-se viral. Depois Samurai marcou um encontro comigo…”, contava.
Acompanhe os últimos detalhes da carreira de Gilson Son brevemente no YouTube da Carga