Lançaram ontem o álbum `O Culto´, uma obra no verdadeiro sentido da palavra, que além de quebrar o silêncio de 8 anos, é uma viagem às origens do Hip Hop e um compromisso com o “abandonado” Boom Bap. O quarteto constituído por Denéxl, Aluno Mestre, Levell Khróniko e Xtygmaxx traz mensagens que se enquadram no tempo que quisermos e conserva as características do underground, e de afronta numa perspectiva da diferença de filosofias de vida que se pode notar na abordagem de cada um dos elementos do grupo.
A propósito porquê `Invisíveis´?
Invisíveis porque o que nos caracteriza é um rap sem preocupação aos holofotes. Um rap mais preocupado em expor a beleza das palavras e do pensamento com a música rap, sem ter que necessariamente vender a imagem.
A que se deveu o interregno de 8 anos?
O álbum foi gravado maioritariamente em 2012. Após as gravações tivemos um problema técnico com o HD onde tínhamos todo projecto do álbum e isso deixou-nos de alguma forma desmoralizados. Só conseguimos depois de 8 anos recuperar alguns dos ficheiros e assim levamos o projecto para os arranjos, mistura e masterização.
Consideram este momento o mais certo para quebrar o silêncio?
Sim, cada momento é um momento e este em particular que estamos confinados e com algumas limitações decidimos oferecer aos amantes da cultura Hip Hop e de boa música este álbum que esteve engavetado por tantos anos. Na verdade, a forma como nós escrevemos este álbum ele poderia ser lançado a qualquer momento, mesmo dentro de outros 8 anos, as nossas letras são intemporais e os instrumentais boom bap nunca deixarão de ser RAP.
Que filosofia norteia o quarteto?
O quarteto é liberal, cada um tem a liberdade de escrever e dropar o que sente nas suas letras.
Do que é feito o álbum `O Culto´?
O Culto é um álbum de rap Hip Hop underground. Todos os sons foram escritos no estúdio e gravados naquele mesmo momento, mas nem por isso deixamos de preocupar-nos com a qualidade do que dropamos. Falamos da nossa afirmação no rap, falamos do nosso comprometimento com o Hip Hop, falamos da sociedade, falamos de introspecção, falamos de África. A instrumentalização é totalmente boom bap rap.
Ao ouvir `O culto´ o que nos remete?
O culto é uma viagem às origens do Hip Hop um compromisso com o Boom Bap que tem se tornado cada vez mais escasso na questão de produção, a predominância do Trap e outros estilos diante da influência mainstream internacional tem norteado a sonoridade do Rap. O Culto vem justamente prestar culto a esta sonoridade ao compromisso que o Hip Hop tem com a consciência social, artística e cultural.
Individualmente mantém um estatuto respeitável no Hip Hop angolano. Qual o segredo desta longevidade?
O segredo é simplesmente ser nós mesmos dentro daquilo que nos propusemos a fazer, fora de estereótipos e de seguir ondas. Procuramos actualizar a nossa sonoridade e a estética do que escrevemos, mas sem esquecer que temos uma cultura, fãs e um legado que devemos respeito.
De que modo podemos distanciar esta individualidade no `O culto´?
Cada membro do quarteto Invisíveis tem a sua própria característica e essa diferença é que faz com que o álbum sucedesse desta forma majestosa e habilidosa.
Disponibilizaram o álbum ontem, já é possível avaliar o feedback?
Sim, muito bom feedback do pessoal. O número de download é positivo para a pouca promoção feita e até já estamos a receber exigências de shows e videoclipes.
Ficarão apenas nos áudios ou já prevêem alguns vídeos?
Faremos vídeos sim, bem underground risos.
E quanto a versão física, faz parte dos vossos objectivos também?
Já pensamos nisso. Acreditamos que quando apresentarmos o álbum ao vivo teremos cópias físicas, embora que limitadas, para o pessoal poder ter literalmente o álbum em suas mãos.
Voltaremos a aguardar por 8 anos para ver um mais trabalhos dos Invisíveis?
Risos, o tempo dirá.