Em Angola, o Rock é cultivado desde os anos 60 através d’ Os Kríptons e Brucutus e foi se firmando com os Café Negro, Nvula e Black Soul. Hoje, evolui com os Ovelha Negra, Kishi e Kozmik. Apesar do reconhecido papel na consciencialização do homem, no país o Rock ainda é marginalizado. Irina Vasconcelos apresenta à Carga o verdadeiro ponto de situação do estilo no Dia Internacional do Rock. A Rainha do Rock angolano fala das suas experiências como impulsionadora do movimento e recomenda…
O Rock entra em Angola na década de ’60 com os Rocks, Vum Vum, Os Kríptons e Os Brucutus. De lá para cá o quê que mudou?
Novos angolanos foram nascendo. Existem ene jovens no país que adoram rock ultimamente mais ligados ao Heavy Metal feito cá.
Com o nascimento de bandas como Café Negro (que ajudou a fundar), Tiranuz, Ovelha Negra ou Kishi observou-se uma mudança de paradigma. Como caracteriza este período?
A banda Café Negro, depois de termos ganho o Angola Music Awards em 2014, foi o impulsionar da minha carreira a solo. As restantes bandas Tiranuz e Ovelha Negra são bandas de que gosto bastante, são jovens com garra e a suas sonoridades dark e letras muito me cativam. Já tive o prazer de produzir alguns concertos deles e assistir… A banda Kishi tem tudo para dar certo. O mote é continuar a produzir por via da qualidade para inspirar outros.
E como descreve o actual estado do Rock no país?
Existem bandas novas que financiam seus próprios projectos, como é o meu caso, e assumem as suas formas sem quaisquer preconceitos e o seu público gosta. Há que criar mais canais de divulgação a nível nacional, pois o nosso rock lá fora já é conhecido nomeadamente no Brasil, Portugal, South Africa…
Quando bandas como Black Soul é nomeada para o Angola Music Awards ou Nvula a ser reconhecida no AFRIMA, quer dizer que aos poucos o movimento vai se firmando?
Com certeza. E fiquem atentos à Banda Kozmik eles irão levar-nos longe.
O que acha que tem faltado para o firmamento definitivo do estilo?
Na verdade, o movimento de rock está aí e firme. Já se firmou.Talvez falte apoio de algumas divulgadoras de rádio em abraçar novamente este estilo.
Neste quesito, parece que as rádios, jornais e televisões desempenham papel crucial?
Fica a oportunidade para congratular as rádios RFM, LAC, Rádio Mais, Jornal OPaís, o Jornal de Angola e vocês por se permitirem celebrar connosco este estilo.
O que o movimento podia fazer para ajudar os meios de comunicação a promoverem o estilo?
Eu trabalhei em alguns festivais, pois sou igualmente directora de arte e reparei que sofremos bastante no passado com a corrupção, ter de pagar para que os sons passassem em algumas divulgadoras. Não foi só o rock que sofreu, mas outros estilos feitos em Angola também. O que o movimento sempre fez foi partilhar o nosso e romper barreiras.
Urge a necessidade de Luanda acolher festivais como o Rock In Rio Catumbela ou o Lalimwe Eteke Ifa. Até que ponto isso não dificulta a expansão do movimento?
Em Luanda ocorrem os eventos mais pequenos em bares, pois é onde está concentrado o maior número de fazedores. Não obstante as dificuldades para que nos cedam espaços caros em Luanda. Então, os festivais vão ocorrendo mais por outras províncias e há anos. O espectacular é ser de entrada livre os outros governadores talvez devem arriscar, pois é maravilhoso ver milhares de pessoas em fenómeno solidário rugindo rock.
Se por um lado, houve multiplicidade de bandas, por outro, bandas como Fios Eléctricos, Velório, Necrotério Vazio ou Via Sacra desapareceram. Como se podia evitar isso?
Estas são ou foram as bandas mais corajosas. Eu lembro-me da primeira vez que ouvi Fios Eléctricos, o meu coração parou. Sou amiga do vocalista e penso que é chegada a altura de vocês levantarem o som deles passem nas rádios entrevistem-nos todos eles foram e são uma inspiração o nosso sucesso é deles.
Amanhã, 13, é o Dia Internacional do Rock em memória ao Live Aid de 1985. O que preparou para esta data?
Este ano, tenho o meu álbum a solo para partilhar em celebração. Kai-Filhos do Mar- é um álbum que já chegou via Internet, dada a covid-19, a países como Alemanha, França, Índia, Itália, África do Sul, Namíbia e Brasil, Portugal e o objectivo é continuar.
Para além dos ideais de liberdade e irmandade, o rock é psicadélico. Como é que o estilo nos ajudaria a enfrentar um momento como este, o do Covid-19?
A consciencialização e prevenção são o mote para todos nós. Há poucos dias em parceria com a VOA, Voice Of América, deixei uma mensagem trabalhada sobre como nos devemos prevenir. O confinamento é a altura ideal para lermos um livro ou finalizarmos aquela pesquisa. Mas a música rock é alimento do intelecto, pelo que recomendarei sempre Scorpions, Sting, Janis Joplin, BB King, Block Party…
Em que tem estado a trabalhar ultimamente?
Depois de ter criado o Etimba Festival, um festival de músicas do mundo com três edições, mudei-me para Zâmbia, onde vivo com a família. Hoje, desenvolvo conteúdos de TV em português e inglês, foi uma área onde já trabalhei na altura. Interrompi para seguir carreira da música, mas agora de volta à concepção.Também estamos a preparar a minha participação em festivais. Tínhamos quatro fechados para este ano, mas retardou-se tudo para 2021.