A morte de Jacinto Tchipa hoje, em Luanda, aos 63 anos, por doença, deixou ainda mais empobrecida a música angolana porque, mais do que um artista, Jacinto Tchipa foi das poucas referências que a música angolana lançou nos últimos trinta anos.
Desde 2017, o músico vinha convivendo com um marca-passo (aparelho colocado junto ao coração para regular os batimentos cardíacos), após passar por uma intervenção cirúrgica, devido a problemas cardíaco e de hipertensão.
Natural da Caála, Huambo, Jacinto Tchipa notabilizou-se na década de 80, ao vencer, duas vezes consecutivas, (1986 e 1987) o Top dos Mais Queridos, poucos anos depois de começar a carreira artística (1973), enquanto projectava a carreira com o primeiro disco de vinil, “África”.
No auge da vida artística, na década de 80, lançou três discos em vinis, nomeadamente “A cartinha do soldado”, “Sissiola”, e “Reconstrução Nacional” e depois acrescentou os CD “Os meus sucessos” e “África”, nos anos 90.
As canções de Tchipa “Maié Maíe”, “Kumbi Lianda”, “Sissi Ola”, “Cartinha da Saudade”, “Tchivale Tchivale”, ajudaram a alimentar a esperança de muitas famílias, numa altura que a guerra fratricida assolava o país.
Depois de algum tempo longe dos holofotes e dos palcos, no ano passado, o Jacinto Tchipa surpreendeu o público com uma aparição no Live no Kubico e deixou saudades ao interpretar os temas com que eternizou a memória dos angolanos.
O cantor e compositor havia manifestado numa entrevista concedida à Angop, em 2018, que mantinha o desejo de colocar mais uma obra discográfica no mercado, um álbum que vinha sendo preparado desde 2014.
Intitulada “Caminhada de uma vida”, a obra com 14 faixas musicais não chegou a ser lançada por falta de patrocínio e realçava-se nela a participação de Eduardo Paim, um dos artistas que mais admirava.