O percussionista Joãozinho Morgado afirmou que o género musical Semba, de origem angolana, está a “morrer”, pelo facto das instituições responsáveis não velarem pela sua manutenção.
De acordo com o instrumentista, figura incontornável da música angolana, as entidades responsáveis pela cultura não se preocupam com a preservação dos ritmos nacionais, deixando que desapareceram ou que sejam absorvidos por outros países.
“Há necessidade de se promover estudos sobre o Semba, documentar tudo para que a geração seguinte tenha acesso, criar debates, seminários. Temos que promover mais o que é nosso”
“Querem acabar com o Semba, mas não vão conseguir. Mesmo sozinho vou continuar a tocar”.
“E falo do Semba, mas há outros géneros nossos que precisam ser promovidos e preservados, como o Kilapanga, Rumba, Bolero entre outros”.
Filho do lendário mestre Geraldo, Joãzinho Morgado retira da nova geração a responsabilidade de preservar o Semba, dizendo que os jovens tocam apenas o que ouvem, dando exemplo de Anselmo Ralph.
“O Anselmo diz que em casa não ouvia Semba, apenas o chamado world music, e quando decidiu enveredar para a música optou pelo que ouvia com toda naturalidade. Por isso as rádios também têm um papel importante na promoção da nossa cultura, os djs não podem pensar que estão na festa quando estão na rádio”, rematou.
Com mais de 50 anos de carreira, Joãzinho Morgado é uma referência da música popular angolana e um dos ícones do Semba. Pelas suas mãos saíram sucessos com músicos como David Zé, Bonga, Carlitos Viera Dias, Dionísio Rocha, Dina Santos, Paulo Flores entre outros.