O crítico musical, Jomo Fortunato, acusa o produtor Ilídio Brás de se apropriar do seu livro “A Mística e o Simbolismo dos Tambores”, lançado domingo, em Luanda, para ir buscar dinheiro na Sonangol. A obra em causa retrata a trajectória do percussionista Joãozinho Morgado, considerado o “Rei dos Tambores”.
O livro veio documentado com um DVD e um disco co-produzidos por Ilídio Brás e Nguxi dos Santos. Foi apresentado última quinta-feira e lançado este domingo, na Praça da Unidade Africana, e acaba por estar envolto em contendas sobre a sua autoria.
Jomo Fortunato reclama não lhe ter sido dado os devidos créditos pela autoria da obra, por isso, levou o assunto às autoridades judiciais, mas o visado afirma o contrário e prova que, em nenhum momento da promoção e apresentação da obra, deixou de frisar que o livro é da autoria do conhecido crítico musical.
Segundo Ilídio Brás, o livro vinha sendo escrito há 10 anos por Jomo Fortunato, por meio de recortes de suas peças em jornais, depois, achou-se melhor acrescentar um documentário em DVD e um CD.
“Achámos por bem fazer uma parceria com o nosso amigo Nguxi dos Santos e produzimos um documentário”, explicou Ilídio Brás ao promover o livro.

Contudo, Jomo Forunato diz que Ilído Brás se apropriou da sua obra. Através de um áudio que mandou num grupo do WhatsApp, o crítico musical acusa Ilídio de estar a usar o seu livro com objectivo de “ir buscar patrocínio na petrolífera angolana”.
“O livro é da minha autoria, quero avisar o público que comprar este livro, que saiba que o livro tem um autor. Joãozinho Morgado não escreve livros. É um projecto meu e do Joãozinho Morgado, que foi apropriado de forma ilegal pelo senhor Ilídio Brás, da Brasom, para ir buscar dinheiro na Sonangol”, acusa.
Jomo diz mais : “O assunto está entregue às autoridades judiciais, e o público leitor vai esperar o seu desfecho muito brevemente. Todo o mundo sabe que quem escreve biografia dos autores sou eu. Já publiquei, nas mesmas condições, o livro “Vida, Poesia e Canções”, de Filipe Mukenga. Então, era só para avisar o público que não se enganem, um livro tem autoria e tem editoria”.
“Este é o primeiro de um conjunto de mecanismos que serão publicados para o conhecimento do público em geral”, concluiu o ex-ministro.
Sobre o livro
A obra “A Mística e o Simbolismo dos Tambores” traz incidências da carreira artística de Joãozinho Morgado. O artista fundou Os Negoleiros do Ritmo, aos13 anos, e esteve na origem do surgimento no mercado do Conjunto Os Merengues, Banda Madizeza, Banda Welwitchia, Banda Maravilha, Conjunto Angola 70 e passagens por vários projectos musicais.
Encontram-se ainda no livro depoimentos de colegas Dionísio Rocha, Botto Trindade, Carlos Lamartine, Carlos Timóteo “Calili” e dos percussionistas: Chico Santos, Miguel Correia, Manú, Dalú Roggé, Bucho e Teles Morgado.
Quanto ao documentário, foi produzido por Nguxi dos Santos, sob coordenação da Brasom, de Ilidio Brás; tem contributos de colegas e amigos do Bairro Operário; depoimentos de Jomo Fortunato, Dionísio Rocha, Carlos Lamartine, Gilberto Júnior, Zé Fininho, Mário Fernandes e dos cabo-verdianos Tito Paris e Leonel Almeida.