Sem sombras de dúvida, hoje foi o dia em que os angolanos confirmaram que Nagrelha era realmente o “Estado Maior do Kuduro”. Um banho de multidões nunca antes visto no enterro de um músico angolano e, quiçá africano, acompanhado de forte escolta policial, o funeral de Nagrelha foi como se de um chefe de Estado se tratasse.
Gelson Caio Manuel Mandes, o homem que popularizou o estilo musical oriundo dos musseques atrás do nome Nagrelha, morreu na última sexta-feira, em Luanda, vítima de cancro pulmonar, e foi hoje a enterrar no Cemitério da Sant’Ana.
A urna contendo os restos mortais do ícone do Kuduro desceu à cova quando eram 10h46 minutos no meio da dor, tristeza e pranto dos familiares, amigos e fãs, que não paravam de entoar canções em homenagem ao ídolo.
Kanguimbo Ananás, madrinha e conselheira de Nagrelha desde o tempo em que o músico “lutava” para romper os estereótipos culturais e o padrão de firmamento imposto pelo mercado angolano, recordou as vivências que teve com o kudurista. “O Nagrelha era um homem romântico, porque eu frequentava a casa. Continuarei a honrar a sua memória”, tal como já tenho feito, disse, sublinhado que o artista era uma grande pessoa.
Mais de 800 agentes da Polícia Nacional foram mobilizados para cobrir e acompanhar até à última morada o “Estado Maior do Kuduro”. Desejosos de ver, pela última vez, o rosto e o local onde jaziria o corpo do ídolo, os fãs romperam o cordão de segurança, causado tumulto e vandalismos de bens públicos e particulares, um acto que terminou em detenções.
Entretanto, o que fica mesmo para história da música angolana, é o enterro pomposo de um artista que se dedicava a um estilo que era muito visto como feito por marginais, graças os trabalhos de Negrelha, hoje já nem tanto.