Com o álbum “Caminhos” Kid MC, colocou o seu nome na montra da música angolana. Mais tarde, seguiram-se os últimos quatro discos. Últimos porque o rapper diz que já não poderá publicar mais álbuns. Kid queixa-se de estar a ser fustigado pelos unders, fala do encerramento da sua produtora e crítica o estado actual do Rap.
O músico pondera passar apenas a lançar alguns projectos soltos e está a preparar para o próximo mês duas novas músicas. Intituladas “Atitude Flavour ” e “O Regresso dos Que Nunca Foram”, as faixas vêm acompanhadas dos respectivos vídeoclipes.
“Honestamente já não me interessa lançar álbum. Lançar álbum é algo que estou a descartar, porque para além de artista, tenho outras actividades.
Devido as dificuldades económicas e financeiras, o departamento de agenciamento de artitas da CavePaly gerava mais prejuízos, por isso, teve que encerrá-lo.
“A Cave era uma área da empresa que mais gastava e não havia retorno. A minha empresa tem três anos de existência, verifiquei que a Cave precisava ser extinta, porque os apoios começaram a ficar apertados”,explica.
Durante a longa entrevista no Show Time, na Rádio MFM, Kid considerou que o Rap angolano viveu melhores momentos nos meados da década de 90 até 2007, porque nessa época o movimento não era concentrado num único grupo ou numa só pessoa, lembrando que Army Squad alternava com Kalibrados, Kill Hill ou Gomez.
“Hoje a Nova Escola são os Mobbers e a TRX. Antes não era assim. A culpa não é do mercado, havia mais investimento. O game não estava refém de um único grupo de Rap” critica, acrescentando que nunca se considerou uma febre, mas artista; um rapper consagrado que já não tem nada a provar. “Eu já não tenho nada a provar”.
Para o “Incorrigível” o movimento underground precisa aprender muito e ter mais humildade e lamenta que, apesar de ser dos que mais contribuem para o movimento underground, é fustigado pelos próprios unders.
“Sou das pessoas que mais apoia o movimento under. (…) e honestamente não sinto este retorno. Sinto ataques e fustigações”.
“Os rappers precisam ser mais justos. Os unders têm de deixar a mania de, quando alguém no seu circuito atinge certo nível odiá-lo”, continuou.
Sobre a não actuação no Top dos Mais Querido edição 2011, após a sua nomeação, que gerou, na altura, várias especulações, Kid MC esclareceu que estava doente, por outra, se tivesse que actuar, cantaria o tema que o levou ao top “Olhar Ao Pai”, que não está associado à política.
“O Movimento Underground é um movimento que precisa aprender muito. Precisa ter mais humildade. Eu recebo mais respeito e love dos comerciais do que daqueles que se dizem under”.
Aos músicos emergentes, o rapper aconselhou a não continuarem a ver artistas consagrados como a tábua de salvação.