“Migrações e Coisas, Retalhos de uma História Só”, é o título da exposição a solo da autoria de René Tavares. Na mostra, o artista reflecte sobre o mundo contemporâneo na mais nova exposição a solo, onde cria diálogos e imagina futuros. A exposição ficará patente até ao dia 27 de Maio, na Galeria Banco Económico e decorre de uma parceria estabelecida com a This is Not a White Cube.
Inaugurada no passado dia 21 de Março, devido aos resultados da pandemia do coronavírus, os acessos ao recinto são condicionados, e a ser estudadas formas criativas e inovadoras de promover o projecto, tais como: a produção de uma visita virtual, que inclui uma entrevista do artista no espaço e o desenvolvimento de uma estratégia digital, que passa por uma maior dinamização da presença nas redes sociais e noutras plataformas exclusivamente dicadas à arte contemporânea. De acordo com René, trata-se de uma exposição bastante bem conseguida em relação à visão curatorial, que conta com o Toque qualitativo de Graça Rodrigues e Sónia Ribeiro. Nas palavras do artista, a mesma traça uma “óptima” cronologia do seu trabalho, estabelecendo o cruzamento entre obras que reportam a um intervalo temporal de 10 anos.
Em “Migrações e Coisas, Retalhos de uma História Só”, René estende todo o seu interesse à própria busca pessoal e tenta através do Tchiloli, ritual por si reinventado, “buscar aspectos que se relacionam com estes. É um exercício que não cessa de evoluir no ponto de vista de criatividade e investigação.”
Sobre o artista
René Tavares traduz em pintura e desenho, através de traços, linhas e manchas, uma síntese pessoal da sua própria identidade, sempre em processo (“inacabado”), posicionando-se em constante movimento entre referências passadas e presentes. Interessa-lhe aprofundar a permeabilidade das fronteiras entre histórias, linguagens e técnicas e partilhar esse percurso exploratório. É um artista que reflecte nos seus trabalhos a sua própria experiência de deslocação ou deslocalização contemporânea entre as diversas zonas de contacto pós-colonial.
Em muitos dos seus trabalhos está presente o que o artista apelida de “l’imagerie comun”, a simples representação de um objecto ou forma vulgar que se insere num espaço pictórico de pura abstracção e que permite o tratamento das linhas com técnica de desenho e com técnica de pintura, onde várias referências aparecem matizadas, expressas de forma ambígua, como que numa transposição do próprio funcionamento da memória.
Recentemente os seus trabalhos têm assumido uma componente político-cultural, através da qual o artista chama a atenção para a realidade quotidiana, transferindo referências da memória, da identidade e do património para o contexto contemporâneo. Imparcialmente, René Tavares intervém no desenvolvimento sociopolítico, não por via de uma vontade de assumir discurso político, mas porque a política se inscreve necessariamente no regime da realidade quotidiana. Formado na Escola de Belas Artes de Dakar, no Senegal, ganhou em 2008/09 uma bolsa para estudar na École de Beaux Arts de Rennes (França) onde desenvolveu um programa intenso de pesquisa.
Integrou paralelamente o curso de fotografia do projecto ARC/Rennes e frequentou em 2011 o Mestrado em Ciências de Arte e do Património na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. A sua obra tem sido exibida internacionalmente, em vários países, de entre os quais se destaca São Tomé, Portugal, França, Bélgica, Alemanha, Angola, África do Sul, Estados Unidos da América e China.
Em 2008 participou na exposição coletiva “Africa Now”, em Washington, organizada pelo Banco Mundial, e em 2015 integrou a exposição internacional “Lumières d’Afrique”, no Palais Chaillot, em Paris – França. Mais recentemente foi nomeado para o “AFRICA’S MOST INFLUENTIAL NEW ARTISTIC TALENT | FNB, Joburg Art Fair 2018. Actualmente vive e trabalha entre São Tomé e Lisboa e a sua obra é representada pela galeria This is Not a White Cube.