O artista angolano Manuel Ventura vai apresentar-se na Galeria Tamar Golan com “Transcendência Indecência”, uma exposição individual a inaugurar no próximo dia 07 de Maio, pelas 18 horas. A mostra ficará patente ao público até ao dia 26, podendo ser visitada de Segunda a Sexta-feira, das 9 as 17 horas, na galeria de arte contemporânea da Fundação Arte e Cultura.
A Exposição
Transcendência Indecência: uma dicotomia da justa angolanidade-vista, pensada e matizada por Ventura… A imperiosa necessidade de acudir os que muito necessitam, o quanto antes, é uma forma de ser e de estar, que nos permite mitigar o sofrimento das pessoas a partir da sua génesis, evitando as romarias desnecessárias ante os holofotes da vida, numa clara e falsa demonstração de preocupação a favor dos desfavorecidos.
Ventura, na sua forma de olhar para o mundo a partir dos óculos da sua cosmovisão, sugere uma reflexão mais aturada sobre o sofrimento dos inocentes. Interprete-se aqui inocente não apenas aquele que nada tem e que vive de forma paupérrima, mas também aquele que, por cima do seu bem- estar e fartura, não olha sequer para o lado, ali onde o irmão angolano descansa no nada da sua existência e de lá mesmo tenta sobreviver à inexistência de tudo e mais alguma coisa, onde a febre voraz da multidão de Mangopes disputa o único paracetamol no sacrificado hospital da bandula (em referência ao lugar).
O artista faz um apelo à sensibilidade humana ante o sofrimento do outro. É transcendental, às vezes simples, a atitude de olhar para o outro e compadecer-se com ele, ainda que não seja para lhe ajudar com algum valor monetário ou material, mas fazer da causa deste a nossa; porém, esta TRANSCENDENTE forma de viver contrasta com a indecência da indiferença que levamos nos fatos e factos do dia-a-dia sem ver o outro e por isso cenas anormais tomam a identidade de bem, prostíbulos da necessidade da panela ambulantes ao ar livre cantam a canção de consolo ao mendigo que clama e grita por socorro, pois não há quem lhe possa acudir, foi gerado na rua ante a incapacidade do KUNANGA do pai que dá ME SUGA na mãe ambulante que inflama os pés pela zunga da cidade. Estas e outras realidades interpreta-as VENTURA, apresentando-se aqui como uma voz apincelada no seu colorido, para dar voz àqueles sobre os quais pouco ou nada se fala, a gravura e colorido da sua pintura é a melhor e mais coerente forma de o fazer, que encontrou.
Por: Gilberto Dune Capitango (kapitangõ), Professor, Artista plástico e pesquisador-2020
O artista
Nasceu em Luanda, em 1981. Estudou Artes Plásticas na Escola Nacional de Artes Plásticas, de 2000-2003. Formação Básica de Lino e Xilogravura na Oficina de Gravura da UNAP com Mestre Kidá, de 2000-2001. Concluiu o Curso de Antropologia Cultural na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, 2005-2009. Trabalhou durante quatro anos com o professor e gravurista Cubano, Luis Guillermo Varela Santisteban, apredendo várias técnicas de gravar, de 2013-2016. Professor de Gravura e Educação Visual e Plástica no Complexo das Escolas de Arte- CEARTE. Membro efectivo da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) e é estudante do AtelierTransumância–Gonga, desde 2004.
Tem obras em colecções particulares em Angola e no estrangeiro e em decorações institucionais, onde se destacam: Edifício-Sede da Sonangol, Sonils, Direcção Provincial da Cultura de Luanda, Governo Provincial de Luanda, Empresa de Seguros de Angola-ENSA. Está envolvido também, no projecto social com as comunidades, do atelier transumâncias, denominado Sol de Cacimbo artes- e – ideias.
Participou de 35 exposições colectivas, e constam da sua carreira três exposições individuais e diversos prémios, nomeadamente Prémio SDV – AMI Angola of Africaline ( 2005), Vencedor da Logomarca do Carnaval de Luanda(2006); Prémio Cidade de Luanda, na modalidade de Gravura (2008), Prémio Cidade de Luanda, na modalidade de Gravura (2009), Prémio Juventude ENSA – ARTE (2010) e Prémio Especial de Gravura ENSA – ARTE(2018).