O pensamento crítico e social de Ngadiama Wakamba O Sonhi ajudou a formar as bases que sustentam hoje o rap de intervenção social em Angola, por isso muitos rappers preferem chamá-lo de “Mestre”. O rapper de 42 anos morreu ontem, em Luanda, por complicações de infecções respiratórias e anemia aguda.
Com o seu irmão Nanhy Wanguimono (falecido em 2005 na áfrica do Sul, vítima de assassinato), Ngadiama Wakambosoe criou o grupo Pobres 100 Culpa que, ao lado dos Filhos D’ala Este, GC Unit, Phathar Mak,Consciência Activa ou Príncipe Wadada, deu origem, no princípio dos anos 90, ao rap interventivo angolano.

Da memória da dupla ficou o EP Longe da Família, com cinco faixas musicais, entretanto, Ngadiama continuou a cantar. Lançou, entre outros , “Cabrito Come Onde Está Amarrado”, “Menos Crítica, Mais Solução”, este último lançado em 2018 viria a ser o projecto de despedida.
Mesmo sem o apoio dos media, na altura, Ngadiama difundiu seu pensamento crítico, que serviu, mais tarde, de inspiração para que nomes como MCK, por exemplo, erguessem a bandeira do Rap, fundamentada na igualdade social, justiça e cidadania.
Considerado pelos rappers como um dos mestres do rap angolano, particularmente o de intervenção social, o veterano esteve internado no Hospital Geral de Luanda desde domingo passado, devido a uma doença de fórum respiratório e anemia Guda, que o acometia há quase dois meses, apurou a revista Carga.

Antes de dar entrada àquela unidade médica, o movimento Hip Hop uniu forças para salvar o artista que, durante anos, sustentou debates radiofónicos e principais rodas de RAP, mas sem sucesso.