O ano 2020 está a ser marcado por várias adversidades a todos os níveis, obrigando os artistas e produtoras a reinventarem-se e a procurarem novas formas de trabalhar. E é neste um contexto que nasce a Oluali Records, uma label que se prepõe a criar pontes entre Angola e o mundo.
Como surge a ideia de criar uma produtora que ao mesmo tempo assume o papel de plataforma de ligação entre Angola e o mundo?
Sendo amantes e produtores de música fizemos uma pequena análise e observamos o mercado nacional. A nossa intenção era perceber o porque dos nossos ritmos que são tão fortes e bons ainda não estarem a passar nas grandes casas internacionais. Identificamos que embora a maioria dos músicos angolanos, mesmo os já estabelecidos, que conseguem viver apenas da música, não têm uma plataforma de consumo musical internacional, apesar da já existirem potenciais consumidores da música angolana espalhados pelo mundo. O mercado do streaming musical mundial estima ter 500 milhões de subscritores pagos até ao final do ano.
Como olha para o mercado do streaming?
Actualmente em 2020 o streaming representa 80% da música consumida nos países desenvolvidos comparativamente com apenas 7% em 2010.
Esta tendência mundial está ligada com a evolução tecnológica que não podemos parar, apenas acompanhar… por essa razão, Oluali quer servir de ponte para permitir aos nossos artistas o acesso ao mercado digital, o que permitirá a todos um crescimento sustentado apoiado no sucesso nacional e internacional, permitindo uma maior segurança financeira nos tempos de hoje.
Para além do acesso a estas plataformas digitais, temos ainda o objectivo de criar pontes entre artistas, e dando aos artistas locais a possibilidade de interacção e colaboração com artistas e profissionais de música de todos os cantos do mundo.
Quantos profissionais estão envolvidos?
A Oluali tem neste momento, diretamente 3 colaboradores: Label Manager, Studio Manager, Production Engineer, e indirectamente como 2 freelancers: Sound Mixer and Mastering Engineer.
Como estão distribuídas as tarefas dentro da Oluali Records?
A gestão de dia a dia da Oluali Records é repartida por mim, em colaboração com o André Cardiga. O André também coordena toda a direcção artística no estúdio. Toda a comunicação está entregue a agência digital Papaya, que coordena todo o processo criativo.

Com que artistas têm trabalhado?
Na Oluali Records o nosso rooster local é composto por 2 produtores angolanos. Os nossos primeiros singles são 2 parcerias entre os nossos produtores locais com 2 cantores norte americanos.
Estas parcerias permitiram-nos construir uma rede de influência com vários cantores norte americanos, o que já nos deu reconhecimento e chamou a atenção de várias distribuidoras internacionais interessadas em assinar com a Oluali Records.
Por fim optamos pela Paradise África, uma distribuidora digital focada especificamente no mercado africano, com escritórios na África do Sul. A Paradise África pertencente ao grupo Paradise Distribution com sede na Alemanha e USA.
Esta parceria abriu outras portas, para o continente africano, e podemos já adiantar que estamos a trabalhar com 2 cantores Sul-africanos.
Com os alicerces estabelecidos a Oluali prepara-se para o lançamento no mercado de um single com um jovem que assinou recentemente pela Label, depois de ter visto notícias sobre a nossa abertura.
São nomes já associados a Oluali, ou estão abertos a qualquer artista que solicite os vossos trabalhos?
Seguindo a nossa linha de abertura, no nosso website nos criamos uma box para todos os artistas que queriam trabalhar connosco possam deixar as suas criações para serem analisadas.
Quais são os trabalhos que a Oluali oferece?
A Oluali Records oferece todo o trabalho de produção áudio e musical.
Licenciamento musical. Agenciamento de artista.
Em termos técnicos, como está equipado o vosso estúdio?
O nosso estúdio está equipado, com toda a tecnologia necessária para a produção musical, como Computadores, Placas de Som, Monitores de estúdio, Modeladores de Voz, Sintetizadores Analógicos,
Para além do equipamento de produção temos ainda uma zona dedicada apenas ao DJing com CDJs , Mixer e Leitores Vinyl. A Oluali tem uma colecção de música 100% comprada, com música digital e discos em vinyl. Este posicionamento parte do nosso posicionamento Anti Pirataria.
Como tem sido trabalhar em tempos de “limitações”?
Tem sido bastante desafiante devido as dificuldades óbvias, mas é uma recompensa ouvir o trabalho final e não deixar de sentir um enorme orgulho por fazer parte do processo criativo de uma obra de arte…
Claro que a maioria do trabalho é feito a distância, e com a pandemia, a quebra do consumo mundial, afecta a indústria da música como todas as indústrias do mundo, mas nós estamos focados no streaming e como todo o mundo vamos nos adaptar.
Quais as maiores dificuldades?
A pandemia. O facto de não podermos estar em contacto directo com os artistas, ouvi-los nos seus ambientes e perceber o impacto da música deles no seu local de trabalho. Outro, grande desafio é a propagação da música nos locais físicos, ou seja, discotecas bares etc. estes locais ajudam-nos a perceber como a música entra e é apreciada pelos consumidores finais. A Pandemia fez com que nos reinventássemos, tanto na divulgação dos novos hits, como também nos hábitos de consumo, passou a ser maioritariamente streaming.
E como avaliam a produção de conteúdos artísticos no contexto actual?
Sabemos que o cenário económico passado e actual não permite o acesso a todos os recursos que nós pretendíamos ter para poder levar a cabo criações competentes e competir com o mercado mundial.
Mas nós achamos que existe espaço para inovar, e este distanciamento social está a levar os artistas e reinventarem-se para poderem acompanhar as tendências.
Sabe-se que está prevista uma série de lançamentos de produções com a vossa assinatura, quais os detalhes que já pode avançar?
Então o nosso primeiro Single: Kulas feat. Denitia – All For Me, sai para o mercado esta sexta-feira 21 de Agosto. É música de Deep House dançante para elevar as pistas e por todo o mundo a dançar, com uma sonoridade característica que permite desfrutar dos vocais fantásticos de uma artista norte americana, Denitia que participou recentemente num dos episódios da famosa plataforma internacionais de divulgação de artistas, Colors.
O nosso segundo Single: Anicetuss & Michael Shynes – Vibrations e é apresentada ao mercado na próxima sexta-feira 28 de Agosto.
É uma música Pop que introduz a “divergência” que nós nos referimos no nosso website. Uma batida vibrante como nome indica e carregada de energia. Uma experiência auditiva.
Numa altura em que a economia está “abalada”, não recearam estar a lançar a produtora num momento errado?
Já dizia Lavoisier: “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.”
A crise para uns transforma-se em oportunidade para outros.
A redução de um mercado cria a oportunidade para outros.
Existe várias produtoras consolidadas no mercado, a Oluali Records está preparada para lidar com a concorrência?
A concorrência quando saudável apenas beneficia o cliente final.
Estamos prontos para os desafios.
Onde é que vê a Oluali Records daqui a dois anos?
Gostaríamos de estar estabelecidos no mercado e tendo contribuído com o enriquecimento da Cultura Angolana, e internacionalização.