O actor luso-angolano Hoji Fortuna apelou a todos os amigos na lusofonia a solidarizarem-se com a causa anti-racista, particularmente em Portugal, com a hashtag “Personagensnegrxsimportamportugal”.
Numa mensagem no Facebook, o actor mostrou-se agastado com a situação, apontando exemplo de eventos onde a descriminação racial imperou, particularmente a nível da televisão, como foram os casos de algumas premiações.
“Estamos neste momento todos solidários com o que está a acontecer nos EUA. Somos todos anti-racistas. Mas é fácil ser-se anti-racista quando o racismo acontece na casa alheia. Quero convidá-los a serem anti-racistas na nossa própria casa: Portugal”.

“E quero que sejam anti-racistas em relação a um meio que visualmente determina ou perpétua a forma como a diversidade cultural é vista em Portugal: o áudio-visual. Há anos que me tenho dado conta do apagamento de pessoas negras no audiovisual, nomeadamente nos prémios, que são um reflexo do que se produz no audiovisual em Portugal”, frisou, sublinhando que foi um dos motivos que o fez emigrar para os EUA em 2008.
Explicou que com o tempo acreditou que a situação havia mudado, mas foi surpreendido, em 2018, num evento de premiação na televisão em que constatou a escassa representação de nomeados de raça negra
“Quis fazer barulho na altura, mas tive medo das repercussões sobre a minha carreira. E sei que muitos são os actores negros com medo de fazer barulho publicamente em relação ao racismo predominante no audiovisual, com medo que se vejam privados do pouco trabalho que vai aparecendo”.
Referiu ainda que tomou conhecimento de mais uns prémios do audiovisual português onde, das mais de 81 nomeadas, apenas uma é de raça negra, referindo-se a Igor Regalla, na categoria de Melhor Actor Principal em cinema.
“Isto parece-vos normal, num país multicultural, multi-étnico, não-racista, com uma história de mais de 500 anos de relação com África e do qual os cidadãos nascidos nos seus países de Língua Portuguesa eram Portugueses?”, questionou
“Então, senhores anti-racistas, convido-os a manifestarem a vossa indignação por esse estado de coisas a acontecer dentro da nossa própria casa, Portugal. Somos solidários com as vítimas de racismos perpetrados além-mar, vamos também ser solidários com as vítimas de racismo sistémico perpetrados no nosso próprio solo”, acrescentou.