Os distintos períodos do desenvolvimento do Hip Hop angolano ficarão sempre marcados pelo aparecimento de artistas cujas rimas, métricas e flows diferem dos demais. Devido à sua forma de cantar, Phay Grand O Poeta somou e pode deixar de somar popularidade, contudo o rapper lançou recentemente um novo projecto musical.
Pode parar de somar popularidade, porque os fãs preferem recorrer à pirataria quando de consumo de trabalhos do rapper se trata, situação que vai deixando o músico desiludido e lamenta não haver outra opção, senão deixar de gravar mais músicas.
“Tenho todos os discos em casa, porque o pessoal não está a me ajudar. Agora coloquei as músicas no Kisom, vou ver. Se o pessoal quiser me ajudar, vai lá e baixe”, disse, acrescentando que não entrega suas canções aos meios de comunicação social para promoverem, porque no início da carreira tentou e foi obrigado a retirar alguns versos.
De rádios e tvs não é tudo, o rapper dificilmente cede entrevistas, e nem sequer tem páginas no Facebook ou YouTube, mas teve de aceitar o desafio do Show Time, para falar sobre os seus hits, considerados verdadeiros hinos do Rap nacional.
“Não tenho nenhuma página, nem no Facebook ou YouTube”, explicou, realçando que por causa dos constantes pedidos dos ouvintes em breve vai abrir contas na Internet.
No movimento, gravou 4 discos, nomeadamente “Pão Burro” , “2 Via”, “O Que é Isso” e “Colectânea Uma ou Outra” e na semana passada lançou um single que, à semelhança dos quatro álbuns, está no Kisom, o triste é que esta pode ser a última música do under, que também se queixa de ter o PC e os aparelhos danificados.
“A minha permanência no Rap vai depender dos ouvintes. Não é porque eu não quero mais cantar, as pessoas devem consumir as coisas originais e ajudar os artistas, a minha continuidade no Rap vai depender do feedback do pessoal”, disse.
“Peguei nos discos e coloquei todos do Kisom. Se a minha música sair do top do Kisom então já não farei Rap”, insistiu.
Quanto ao movimento underground, o Poeta do Katambor admite que está a desenvolver, mas sublinha que o comercial cresceu muito mais, e isso justifica-se pelo facto de haver mais consumo desta vertente.
“Os unders não se ajudam. Quando vendi os meus discos, vi mais comerciais a comprar e a darem força. As pessoas que não fazem parte do movimento é que mais apoiam, é que compram os discos”, lamenta.
Embora tenha seu próprio estilo, o músico mostra aberto a integrar qualquer produtora, desde que não interfiram nas suas letras. “Se eles vierem conversar como homens, aceitaria. Eu canto conforme eu falo e escrevo aquilo que eu penso”, sublinha, lançando duras críticas aos unders que fogem para o comercial.
“O dia que eu cantar comércio podem me chamar de minga, me comprem saias. Quem sair do under e fizer comércio, fica tipo uma prostituta. Eu tenho mais amigos comerciais do que unders”, concluiu.