Trata-se de um dos nomes que representa o baluarte da dança nacional, Ana Maria Vieira Dias, que em dupla com o irmão Maneco Vieira Dias, está na vanguarda do Kilandukilu há mais de 35 anos, pelos quais, foram homenageados na última edição dos Duetos N´Avenida.
Caracterizado como um projecto inclusivo, que dá o palco a quem tem qualidade e valoriza os artistas, o Duetos, na sua segunda edição da quinta temporada, prometeu um show bastante intimista, onde o amor estaria presente do princípio ao fim, e assim aconteceu.
Um solo de saxofone fez as honras da casa, dando lugar à estreia do encontro de “morenas”, uma de cá e outra de outra de lá, precisamente, Selda e Carla Moreno. Ambas protagonizaram um verdadeiro brilharete, nesta noite que foi pautada por viagens a vários estilos e vozes da música mundial, além de músicas da autoria, sendo Carla surpreendida com a presença de Phathar Mak enquanto interpretava a música `inocenti´.
O factor surpresa como um dos grandes diferenciais do Duetos, foi mantido a sete chaves e reservado para o momento mais alto da noite. A homenagem ao Kilandukilu e seus fundadores, só foi percebida durante a projecção de uma dedicatória, que narrava os anos áureos do Ballet bem como todo o seu legado.
O momento foi antecedido da performance de alguns integrante, para a surpresa de Ana Maria e Maneco Vieira Dias que foram convidados a estar no evento, sob outro pretexto.
O Kilandukilu, tal como conta a história, é um grupo que se alicerçou com integrantes de várias partes, mas hoje evoluiu para uma família tendo várias gerações da mesma árvore genealógica a dar continuidade ao legado.
Digno de reconhecimento, o Kilandukilu, que em bom português significa divertimento, durante os seus 37 anos de actividade teve como objecto social a valorização e expansão de danças contemporâneas africanas, com maior destaque para as nacionais, juntamente com a música folclórica.
Na sua intervenção, Ana Maria manifestou a intenção de abandonar o grupo ao qual dedicou parte da sua vida, mas recuou após a homenagem. Além de desejar prosperidade ao projecto, vaticinou que a dança, enquanto disciplina artística, não morra. “Estamos a ir embora e precisamos deixar legados”, disse.
Por sua vez, Maneco Vieira Dias, visivelmente emocionado relembrou que fazem parte de um grupo de resistência, que sempre colocou o sonho a frente das circunstâncias e assim foi que o Ballet Tradicional Kilandukilu conquistou o seu lugar nos anais da história nacional.
Sobre o Ballet Tradicional Kilandukilu
De acordo com a biografia, o Kilandukilu foi fundado a 15 de Março de 1984, em Luanda, no Maculusso. Mantém até aos dias de hoje apenas duas pessoas no activo, que é a Ana Maria e Maneco Vieira Dias, ambos mentores do projecto de danças angolanas, como semba e kizomba a nível do Mundo, juntamente com Mestre Petchu que actualmente os representa em Portugal.
O grupo está presente em várias partes no mundo: Luanda, no Uíge, em Lisboa (Portugal) e também no Recife (Brasil), juntamente com a organização não governamental Pés no Chão.
Até aos dias de hoje, todo o trabalho de dança é precedido de uma recolha de informação, das tradições do país. Faz-se um levantamento das mais variadas culturas e as peças são montadas. A pesquisa leva à criação, que depois é apresentada no palco. Não obstante o forte do grupo ser as danças angolanas, têm sido realizadas outras experimentações com danças contemporâneas africanas. Para além da dança e da música folclórica, o grupo também vem passando informação da gastronomia nacional.