A alegada letargia que se vive hoje no “movimento” nem sempre caracterizou o hip hop angolano, porque o estilo é maioritariamente consumido por jovens e o país também o é, defende o rapper. Prodígio sente o movimento hip hop em Angola parado, mas salva a melhor opinião.
Ao responder, durante a 6ª edição do podcast ‘É Preciso Falar’, à pergunta sobre como era o rap game antes e depois da “explosão” da Força Suprema, o músico considerou haverem dois factores que contribuíram para o florescimento do rap, na altura. O primeiro é o facto de o país ter sido o centro do “movimento” nos PALOP e segundo, por ser em Angola de onde vinham os maiores cachets.
“ Let’s keep real… para além de ser o centro dos PALOP, Angola (Moçambique, também) era o kumbu. Os maiores cachets eram daqui (…). People dá bué de voltas, fingem bué de mambos…ah, é a cultura. É kumbu.”, considerou.
No entender do artista, muitos dos rappers de intervenção social fazem sempre citação a Angola porque querem vir buscar dinheiro.
‹‹Se calhar eles não sabem,. Mas é mesmo o kumbu. Essa cena de saberem que conseguem vir aqui buscar mais kumbu, se calhar do que alguma vez fariam lá fora». Entretanto, hoje, a realidade já não é a mesma, admite, por causa da desvalorização do kwanza. Por isso, vêem-se poucos rappers estrangeiros a virem para Angola. “Porquê que não vêm cá fazer shows nessa altura”, questionou, acrescentando que a verdade vem sempre ao de cima. “O Elinga está aí, o Cine Atlântico está aí. É o kumbu!”, disse.
Na extensa entrevista, disponível no YouTube ‘Carga Magazine’, o rapper revelou que foi em Angola onde recebeu maior cachet da carreira, porém foi Portugal que lhes deu ‘lugar ao sol’. “Mas nós fizemos tournées de norte a sul de Portugal, sem Angola nos chamar uma única vez”, lembrou.