A música angolana está a viver um momento especial. A renomada revista científica brasileira de ciências humanas “Convergência Crítica” decidiu destacar na sua primeira edição de 2021, os rappers Kid MC, MCK, Kamessu e Flagelo Urbano.
Já não é novidade, pois, há muito que o rap angolano chegou, conquistou e estabeleceu-se no mercado brasileiro. A partilha do mesmo código linguístico é uma das justificações, mas esta semana foi diferente, porque Kid MC, MCK, Flagelo Urbano e Kamesu “romperam” o asfalto e chegaram às universidades.
Trabalhos destes e o contributo de artistas como Ikonoklasta, Carbono Casimiro (já falecido) ou Filhos da Al’Este serviram de objecto de estudo científico na revista Convergência Crítica do Brasil.
A introdução de um novo paradigma discursivo no rap de intervenção político-social angolano, sobretudo nas letras de Kid MC e MCK esteve em destaque no magazine brasileiro, além das entrevistas com os rappers Flagelo Urbano e Kamesu.
O doutor e pesquisador em Ciências da Comunicação Carlos Mossoró trouxe na primeira edição de 2021 da revista um artigo sobre o “Rap como forma de activismo político no espaço lusófono”, analisando a “distopia na rima”, tendo como referências os temas “Te Odeio” (2016), de MCK e o “Apagar da Esperança” de Kid MC”.
Para o especialista, as primeiras músicas angolanas de carácter interventivo e social incentivava o angolano “acordar e ir para a luta. Esses temas “já previam um futuro pior do que a realidade actual. Logo, o objetivo foi estudar a desesperança, a falta de crença em um futuro melhor”, descreve.
Os revolucionários, continua Mossoró, geralmente mostravam um viés utópico, mesmo quando estão em situações adversas, o que não aconteceu com as letras mencionadas acima. As repetições dos problemas fizeram com que eles se tornassem descrentes.
É a primeira vez que a renomada revista científica brasileira abre um dossier sobre o rap, o que torna especial para o rap angolano por dar início ao ano de pesquisas com dois rappers e um artigo sobre o Rap angolano. Craveirinha, Azagaia e outros rappers brasileiros também integram a edição.