Renata Torres, actriz, performer, artista visual e comediante apresentou na semana finda, o monólogo da sua autoria ‘Parto Rosa’, no Festival Internacional de teatro de Mindelo, em Cabo Verde.
A levantar debates relacionados com questões do género, o texto que é uma análise crítica, um desabafo e uma chamada á tomada de consciência de uma mulher que é na verdade várias, foi apresentado pela primeira vez, em Luanda, no passado dia 31 de Março de 2017 e, já passou por palcos de São Paulo, no Brasil.
Tal como a própria sinopse diz, Parto Rosa é um “monólogo intimista, que nos transporta desde o questionamento sobre o que é ser mulher num mundo masculino, as imposições, muitas vezes sutis, a que elas estão sujeitas e como isso se reverbera na formação da sua personalidade, até a descoberta da sua humanidade, negando os padrões que ditam essa feminilidade.”
Numa breve conversa com a Carga Magazine, a autora fala sobre os ganhos deste intercâmbio, bem como os novos caminhos que este projecto vai tomar em breve.
Além de Luanda, onde é que o monólogo já foi apresentado?
Além de Luanda, já apresentei no Brasil na cidade de São Paulo e agora em Mindelo, Cabo Verde.
Como surge este convite para apresentar o `Parto Rosa´ no Mindelact?
Na verdade, a minha afilhada foi quem me avisou sobre a abertura das candidaturas, mandei a proposta e recebi uma pronta resposta que o espetáculo estava seleccionado.
Por que razões não o voltamos a ter em cartaz em Luanda?
Primeiro por questões de logística, apesar de ser um espetáculo “simples” do ponto de vista de concepção, ainda assim envolve alguns custos. Tenho no entanto, outros caminhos previstos para esse projecto, gostaria de fazer um circuito universitário com ele, de modo a levantar e alguns debates necessários e também adaptei o guião para o cinema.
Que tipos de debates pretende levantar?
Questões obviamente relacionadas a mulher: violência física e psicológica; mas também sobre relações interpessoais de modo geral e como o nosso olhar sobre as questões de gênero nos condicionam enquanto pessoas…
Tem alguma previsão de quando conseguirá concretizar este circuito universitário?
A minha intenção era começar agora em Dezembro, mas com a greve, talvez Janeiro.
Adaptou o guião para o cinema, significa que dentro em breve teremos o Parto Rosa nas salas de cinemas nacionais!?
Nos cinemas e definitivamente na plataforma Tchill Mais.
Já agora, quais as diferenças entre o guião actual e o cinematográfico?
Fora as questões especificamente técnicas, acontece que no teatro é um monólogo, e para o cinema, nós teremos fisicamente os personagens mencionados no texto.
Qual o balanço que faz desta actividade?
Muito rica no ponto de vista de troca de experiências, o network expandiu de uma forma bem enriquecedora.
Apesar de ainda estarmos em pandemia, como olha para o cenário de reabertura das actividades culturais?
Com excepção da música, todas as outras linguagens artísticas têm enfrentado várias dificuldades, mas isso já acontece desde antes mesmo da pandemia… sinto falta do apoio para projectos mais inclusivos e agregadores.