Hochi Fu é, com certeza, um dos nomes mais importantes da indústria cultural angolana. Foi ele quem revolucionou o mercado musical do país ao levar para a televisão o kudurista e o seu habitat ( o gueto).
Seu envolvimento com a música começou na infância, tinha 14 anos quanďo dirigiu o seu primeiro vídeoclip. Mas, tudo surgiu no Rap. Hochi Fu foi rapper e integrou a geração Old School ao lado de nomes como Kool Klever, Big Nelo e Phather Mak.
Antes de se tornar o magnata da música, o produtor foi basquetebolista profissional e actuou na Liga Profissional de Basquetebol da Holanda, país onde frequentou os estudos em Artes Plásticas.
Sua história na música está dividida em três capítulos distintos: O lançamento d’Os Lambas, o fenómeno Cabo Snoop e intenção de querer levar o cinema angolano para Hollywood.
Ainda há muito que se diga sobre esta figura da indústŕia cultural angolana. A título de curiosidade, foi ele quem sugeriu o nome Os Lambas, atribuiu título ao álbum Estado Maior do Kuduro e inspirou vários produtores africanos. É um homem visionário que quer dar outra dimensão á música angolana.

Como é que se dá o seu envolvimento com a música?
Entro na música por influência. Meu pai era coleccionador de música dos anos 60, consumia muita música; smpre que viajava, trazia discos. Depois tinha também o meu tio que tinha uma colecção muito grande de música e meus os primos começaram a tocar, eram djs. Um deles era o dj Cristóvão, que foi o dj do Pandemónio, ele tinha um grupo, Os Dólares, integrava o Cristovão, Beto Max…
Que ano foi isso?
Estou a falar dos fim dos anos 80, princípios dos anos 90. que
Nessa altura emergia no país um forte movimento Hip Hop, que arrastava consigo quase todos os jovens.
Sim. E apaixonei-me pelo Hip Hop, ainda com 13 anos. Cantava com os SSP, Kool Klever e Phather Mak. Depois, veio o Yannick Afroman. Minha envolvência com a música começou aí. Eu era rapper.
E como começa a proruzir vídeoclips?
Comecei a produzir com os meus 13 anos na altura jovens mais novos do que eu. Com 14 anos, dirigi o meu primeiro videoclipe.
É realmente muito interesante. E como conseguiu chegar até aqui?
Foi uma longa estrada. comecei com 13 anos a me envolver com a cultura, com a música. Viajei fui para Holanda, fiquei 10 anos fora e quando voltei, não quis trabalhar em mais nada a não ser na arte, porque eu sentia que devia trabalhar. Lá fora também me envolvi com a música e arte. Fiz alguns projectos. Vim para cá decidido a trabalhar mesmo na cultura e na música, foi aí que passei por várias barreiras.
Que barreiras foram estas?
Sabe que não é facíl alguém está a vir de fora e jovem e 24 anos, decidido a ser produtor. Apostei e investi quase todo o dinheiro que tinha na música e um dos investimentos foi Os Lambas.

Então, Os Lambas foram a sua primeira aposta?
Eu já tinha um grupo, logo que eu cheguei. Foram os Supremos, faziam Hip Hop. Cantaram “Fala Miúda” com Anselmo Ralph. Mas um dos meus maiores investimentos, o meu cartão de visita foram Os Lambas. Eu mandei-os p’ra cima. Produzimos os vídeos, os discos, fiz as fotografias, a capa. Fiz tudo nos Lambas, menos gravar as músicas.
Depois disso o que se seguiu?
Depois do lançamento deles as pessoas já começaram a saber quem é o Hochi Fu e o que ele estava cá a fazer. Tudo isso como produtor. Como videomaker, participei em vários vídeos, fiz vários vídeos. Como os vídeos mais sonantes foram o “Super Homem” do Anselmo Ralph, o Comboio, que foi um vídeo que revolucionou o mercado dos vídeos.
É propriamente disso que ia perguntar, porque, apesar de ser um estilo que nasce nas zonas suburbanas, os primeiros videoclips mostravam o contrário, com carros de luxo e a Baixa da Cidade.
As pessoas faziam outra coisa e eu disse não! Eu posso filmar o leão dentro da selva. Decidi fazer isso com Os Lambas e internacionalmente também tivemos muita aceitação. Tive que fazer uma leitura rápida sobre do que que o mercado tem, do que que o mercado precisa.
Estudou na Holanda. Em que circuntâncias vai para àquele país?
Estudei na Academia de Minerva, fiz Artes Plásticas ( Belas Artes). Não fui para a Holanda directamente para estudar. Na verdade, o meu pai mandou-me para Portugal num colégio, mas eu vi que aquilo não tinha nada a haver comigo, já desde o primeiro dia. Conversei com a minha tia que estava na Holanda, então decidi ir para lá. Na Holanda vivi metade do meu tempo, ou quase todo, como basquetebolista. Joquei basquebol na Liga Holandesa de Basquetebol. E eu era treinador de basquete também. Depois de ficar lesionado é quando comecei a trabalhar como bouncer, que é guarda-costas e de vez em quando como dj nocturno.
Hoje se transformou num dos maiores produtores do país e quase todos os artistas que passaram por si explodiram. Como isso foi possível?
Assim que regresso para Angola, fiz uma leitura sobre o quê que eu poderia fazer. Primeiro eu estava á procura de emprego, mas vi que na área que eu quis trabalhar quase que não havia emprego nenhum. Porque bati porta, as pessoas primeiro não aceitaram, depois quando viram que eu comecei a ter um pouco de nome próprio, apresentaram-me uma proposta, mas as propostas que eles me apresentaram eu fazia em uma semana e eles queriam oferecer em um mês. Em um mês eu triplicava aquilo.
Como surge a ideia de trazer o espaço suburbano e com artistas marginalizados para os videoclíps?

Olhei para os sucessos norte-americanos e percebia de onde é que eles vieram, o que é que eles faziam, o que eles mostravam. O Rap meio gangster, que p’ra mim era tipo o Kuduro que os Lambas faziam. Então, eu dedici que não posso mostrar algo que realmente os artistas não são, é muito fake. Decidi tentar aproximar ao máximo e levar uma outra perspectiva às pessoas-pôr a máquina de filmar em sítios que a máquina nunca esteve. Ter a ousadia e a coragem de mostrar coisa que ninguém teve, porque a arte está aí mesmo no ir buscar coisas que os outros não vão buscar.
Quando é que começou a sentir que se estava a estabelecer no mercado?
Com os Lambas senti-me estabelecido. Eu era jovem e eles muitos mais ainda. Tinham 14 a 17 anos, ainda sem disciplina nenhuma, sem ética profissional. Aliás, isso foi o único ponto que me fez terminar o contrato com eles.
Entretanto, controlava outros artistas.
Tínhamos Os Supremos, Paulo Cabonda, Silva Freitas, Mascarado e depois veio a explosão ao máximo, que posso dizer que foi a maior explosão musical angolana para o exterior, o Cabo Snoop- com Windeck.
No segundo capítulo da envrevista, Hochi Fu descreve sobre o fenómeno Cabo Snoop, reconhecimentos, projectos da Power House, prémios, seu futuro…