O livro já está disponível para pré-venda e o lançamento oficial acontece na próxima quarta-feira, 10 de Novembro, na Praça da Unidade Africa, em Luanda. Na obra literária, o autor apresenta o impacto psicológico das transformações económicas, sociais e políticas, ao mesmo tempo que desenha o desespero das pessoas em relação a estas mudanças.
O pensamento crítco de Sérgio Fernandes traz para o espaço público temas relevantes da realidade objectiva angolana, centrada em sonhos, pesadelos, desilusões e demência da personagem Lázaro Fernandes.
Diferente do seu primeiro livro de contos, também editado pela Asa de Papel Editora, com O Advento da Loucura, o escritor de 37 anos pretende atingir maior número de leitores, por isso, depois da apresentação oficial, na próxima quarta-feira (10), a editora projecta vários outros pontos de distibuição.
O Advento da Loucura é um romance sobre Angola, a África e o mundo. Sérgio Fernandes resume nesta entrevista a perspectiva da obra.

A pobreza, a exploração social e a Religião sempre provocaram a sua escrita. Que pensamento crítico levanta nesta obra?
É uma crítica à forma como, às vezes, as sociedades colocam os seus cidadãos em condições de extrema pressão psicológica. Hoje temos mais pessoas com problemas psicológicos, fruto de contextos mais difíceis e como temos tratado dessas pessoas? Temos de pensar nisso, a partir da própria família.
Escrever um livro implica tomar decisões sobre certos aspectos e temas da realidade objectiva. Que mensagens quer fazer passar com esta obra?
No fundo é uma mensagem de que precisamos prestar mais atenção ao estado psicológico das pessoas. Quando as crises chegam, pensamos rapidamente em como fazer as pessoas recuperar, os empregos, o poder de compra, os investimentos, mas ainda não temos pensado em como recuperar a sanidade mental das pessoas depois de choques e traumas profundos. O pensamento está na origem de toda a acção, se as pessoas não estão bem psicologicamente, não podemos esperar que tenham atitudes e comportamentos correctos.
O que dela espera?
Espero que ajude (pelo menos os leitores) a perceber o impacto que o contexto económico, social, e político pode ter sobre a mente das pessoas e que ajude as pessoas a aprender a olhar o outro, sobretudo aqueles que precisam de apoio psicológico, com empatia.
É um livro sobre “delírios e mentes perturbadas”. A que contexto remete a narrativa e porquê?
O contexto é qualquer contexto de profundas mudanças sociais, económicas e/ou políticas. Pode ser o contexto actual de grande dificuldade económica, pode ser o contexto do eclodir da guerra civil, ou contexto do pós-independência ou da abertura democrática com as primeiras eleições em Angola. Mas, deixa-me dizer que esse contexto não foi criado a pensar exclusivamente em Angola, aplica-se a vários países, sobretudo em África.
De que delírios e mentes perturbadas retrata?
São vários os delírios e os problemas psicológicos que aparecem aqui, depressão, ansiedade, mania da perseguição, medo excessivo entre outros.