Após vários anos no escuro, uma luz de esperança vislumbra o cinema infantil angolano, com surgimento de pequenas iniciativas como o canal de desenhos animados e maratona de animação (Bom Comix Con) do actor Sílvio Nascimento.
A programação abre a 14 de Julho próximo, no CineMax, em Luanda, e tem por objectivo devolver a infância às crianças e adapta-se, igualmente, à televisão, tal como já acontece com o Zimbinho, da TV Zimbo, produzido pelo actor e sua equipa.
No mundo da representação há anos, Sílvio reitera o compromisso com a televisão e o cinema angolano, apesar de não ter tido o apoio desejado das entidades competentes mas, conforta-se, porque ainda assim, consegue levar o nome de Angola ao mundo. Sua recente produção “Mwana Nkento” é a mais recente prova disso.
O que é mais dispendioso, produzir um filme ou desenhos animados?
Depende muito. Desenhos animados também não são caros. Principalmente, porque nós temos objectivos sociais. Aliás, é menos caro produzir boneco animado do que ter o que nós temos como consequência. É muito mais caro, porque teremos delinquentes e teremos um país manchado a todos os níveis. De forma directa, respondendo à sua pergunta, pode-se produzir um filme com 15 ou 20 milhões de kwanzas. Você consegue produzir um capítulo ou uma secção de cinema com 10 milhões de kwanzas. Estou a dizer isso ao nível do que nós podemos fazer e tem mais pessoas que podem fazer a outros valores, produzir um filme infantil não é tão caro como a promover um concurso de miss.
Tem clamado para o retorno da música infantil em Angola. O que poderia ter sido feito para ajudar a adiantar este processo?
Trazer os programas infantis de volta.
Atribui-se-lhe a autoria de uma carta, que circula nas redes sociais, endereçada ao Presidente da República. É o autor desta carta?
Sim, fui eu quem escreveu. Só não sei dizer, à altura, porquê que esta carta ainda volta em voga. Não sei. Provavelmente as pessoas estão a ver mais as consequências disso. Mas eu não sei porquê. Porque esta carta já foi escrita há três anos. Esta carta é de Junho de 2019. Já fez três anos e eu não estou a entender porquê que muita gente está a partilhar isso agora.
Isso lhe preocupa?
Não. O assunto continua. A autoria é sim minha, confirmo e reitero, o problema agudizou-se, só não estou a entender porquê que estão a usar esta carta agora.
Que resposta obteve do Presidente da República?
Não obtive nenhuma resposta.
Que resposta espera do Presidente?
Eu escrevi a carta para ser entregue, respondida e tida em conta como cidadão. Por exemplo quando a primeira-dama disse que temos poucos conteúdos televisivos nacionais, começaram muitas telenovelas, muitos conteúdos angolanos.
O que o levou a escrever tal carta ao Presidente da Republica, já que existe o Ministério da Cultura Turismo e Ambiente?
Na carta mostra exactamente isso. Que nalguns casos não são os ministérios que resolvem. Mas também um caso como este não é só o Ministério da Cultura que resolve. É um caso do INAC, do Ministério da Família e Reinserção Social, é um caso público de comunicação. É de todos nós. O Presidente da Republica é o orgão máximo para compreender a situação e pedir explicações a todos os outros. Aliás, é um fenómeno social. Somos todos culpados desta podridão social.
Já leva três anos desde que a escreveu e não foi respondido. O que pensa em fazer?
Eu já fiz algumas coisas, entre elas, criámos um canal de desenhos animados. Nós não somente apontamos os erros, como trouxemos uma solução. Mas este é o país que temos.