Nunca o chavão “a dificuldade aguça a criatividade” fez tanto sentido como actualmente. O trabalho remoto tornou-se o novo normal, e reinventar, a palavra de ordem. No meio disto tudo, há famílias resguardadas em casa para se proteger e tentar travar o avanço da pandemia e outras que têm de escolher, entre escapar a doença ou passar por necessidades, para estas, a “entreajuda” se fez chegar na linha da frente com os “heróis” de microfone na mão.
Um pouco por todo o mundo, várias iniciativas culturais e não só, têm surgido para ajudar a população mundial a viver os tempos de distanciamento social. E foi nesta ordem de ideias que acções colectivas e individuais, têm vindo a provas que a alternativa pode estar no até então “marginalizado” mundo digital.
O Google Arts&Culture por exemplo, associou-se a 500 museus e galerias e abriu portas (virtualmente) a diversas exposições; A Fundação Arte e cultura, repensou em novas formas de leccionar em tempos de “suspensão involuntária” a que nos impõe o problema de saúde mundial, e apresenta quase que diariamente o programa `Fundação Online´. Do didatismo ao entretenimento, o mesmo visa motivar as famílias a permanecerem em casa como forma de prevenção.

Mas os dias que correm têm provado que nem tudo são rosas e que o bom senso de algumas pessoas terminou muito antes do álcool gel nas prateleiras dos supermercados, e que o mundo só adoeceu porque a humanidade “está” baixa. Com vários exemplos de comerciantes não só a adulterarem o produto de extrema importância neste momento de prevenção, mas também a sobrefacturarem.
Não obstante a este egoísmo desenfreado, as ajudas vêm de toda a parte, seja com doações monetárias ou com mecanismos para se conseguir viver efectivamente este distanciamento social sem passar por necessidades. Nesta senda, o grande destaque são as acções levadas a cabo por artista, através de lives solidários.

Não é possível precisar exactamente de onde partiu a iniciativa, mas a verdade é que os músicos têm se mantido de pedra e cal para levar ajuda ao povo. E porque o exemplo “arrasta”, as acções internacionais, foram e muito bem replicadas em Angola, destacando alguns nomes como: Landrick, Kyaku Kyadaff, Os Lambas, Kizua Gourgel, Matias Damásio, C4 Pedro (o único artista dos Palop no “Africa Day Benefit Concert at Home”, Liriany Castro, Ary e Black Coffee tem sido as presenças mais constante em lives solidários.

De igual modo, a Platina Line e a TPA arregaçaram as mangas e juntaram esforços para a concretização do “Live no Kubiko”, a inciativa que começou coma actuação de Matias Damásio, foi sucedida com o show de Yola Semedo, passado pelas duplas Edmázia e Puto Português, Euclides da Lomba e Patrícia Faria, Heavy C e Walter ananás e será protagonizado no próximo sábado por um quarteto gospel, nomeadamente: Glória Silva, Joly Makanda, Dodó Miranda e Irmão Bambila.
O espectáculo visa angariar bens de primeira necessidade para os mais carentes e entreter as pessoas neste período de confinamento social. De acordo com o CEO da Platina Line, Sarchel Necésio, está ainda previsto um concerto com Ary, sendo que, “haverá espaço para novos talentos nesta empreitada”. O também mentor da iniciativa, garante que o balanço é mais que positivo e é traduzido em “sorrisos, esperança, felicidade e comida na mesa de milhares de famílias”. Posto isto, concluímos que não adianta procurar fora, é em casa que está a diversão.