Está a decorrer a votação que vai eleger o #TheBestBANTUMEN 2020, nas categorias de `Melhor Artista´e `Melhor Projecto Musical´, ambas dentro da cultura Hip Hop, entre os PALOPs e Portugal. Tal como o nome deixa adivinhar, trata-se de uma iniciativa do site de cultura urbana BANTUMEN. Até domingo, sob o crivo do público, estarão 16 artistas e 16 projectos musicais previamente seleccionados pelo site em questão, com o suporte e consultoria do Cenas Que Curto. Em entrevista exclusiva à Carga Magazine, Eddie Pipocas, falou em nome da BANTUMEN, descortinou o processo de selecção e as motivações da eleição que chega como reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido neste ano, em contexto pandêmico.
Em que consiste a atribuição do prémio “The Best Bantumen 2020”?
A ideia principal é perceber dos álbuns que foram lançados em 2020 noticiados pela Bantumen, qual foi o álbum que o público mais aclamou. E da mesma forma, este ano lançaram-se poucos álbuns, mas lançaram-se muitos single, logo resolvemos fazer uma premiação para o melhor artista e melhor projecto musical. Tanto mais que não distinguimos entre álbuns, EP e mixtapes, seleccionámos as matérias e álbuns com mais visualizações e que tiveram maior engajamento, que esteve mais tempo na boca do povo, esta avaliação foi feita a partir do site, escolhemos 16 artistas para concorrerem para melhor artista de 2020 e escolhemos 16 projectos musicais.
Como é que funciona este processo?Sorteamos grupos de dois e a partir daí é o público quem vai escolher entre um e outro, que chegará a vencedor no domingo. Nesta primeira fase, é apenas puro entretenimento, para agitar as redes sociais. E quem sabe! Se correr bem, quem sabe no próximo ano poderemos fazer algo mais consistente e com mais categorias.
De que formas é que Décio Faria, o CEO do Cenas Que Curto, entra nesta empreitada?
Somos um site generalista, não faria sentido fazer alguma coisa ligada ao Hip Hop directamente, sem consultar um dos maiores entusiastas do Hip Hop Lusófono. O Cenas acabou por se um consultor nosso, para saber o que faz e o que não faz sentido. Por exemplo, tivemos algumas dúvidas entre nomear o Valete, que no último, mês lançou três singles, ou então, um rapaz santomense, residente em Portugal, que é o Aragão. Para este tipo de dúvidas, utilizamos o Cenas para poder desbloquear, porque é uma pessoa que está fora do projecto e tem conhecimento e a opinião dele acabou por valer nas nomeações.
E as métricas dos outros sites, não seria um dado a se ter em conta?
Estamos a falar apenas do site Bantumen, aquilo é o TheBestBantumen, por isso relevamos apenas as métricas do nosso site.
Como é que estão a ser feitas as votações?
As votações começaram na madrugada do dia 16, a partir das enquetes do Instagram, ou seja, temos o artista A num sítio, e o artista B, em outro. Desta feita, os seguidores vão escolhendo entre as opções e depois vamos eliminando conforme as percentagens.
Para quando está marcada a eleição final?
Esta marcada para domingo. É o dia em que vamos eleger o melhor artista de 2020 e o melhor projecto musical.
E por que razão tão pouco tempo para a eleição?
Porque foi uma ideia rápida, de dar algum movimento dentro das redes sociais, sobretudo agitar o mundo da música PALOP. Uma vez que todos os concursos anuais e habituais não estão a decorrer, logo, pensamos em agitar um pouco as redes sociais.
É quase impossível dissociar os melhores artistas dos melhores projectos. Como se deu esta “separação de águas”?
Temos casos que divergem, como é caso do Toy Toy, que está nomeado para melhor artista e também para melhor projecto musical, mas o projecto do Paulelson é um projecto bom, que está a ser ouvido, mas ele não tem mais popularidade que os outros artistas que estão a concorrer na referida categoria. Ou seja, a popularidade de um artista não está só ligado aos seus projectos, mas também à sua dinâmica: o tempo de palco, redes sociais e etc.
Quer explicar melhor isso?
Por exemplo, jamais iríamos nomear o NGA para melhor artista de forma alguma, com certeza que o NGA ganharia, por seu uma pessoa muito popular, mesmo que não lançasse nenhuma faixa, mas pelo tempo de carreira, provavelmente venceria, então achamos que nem sempre o artista que tenha sucesso musical é popular como artista.
O projecto é mesmo TheBestBantumen justamente para distinguir que não se trata de eleger o melhor artista do mundo, é uma pequena brincadeira que a Bantumen está a fazer, para brindar os cantores Palops e não é para ser associado a uma grande premiação. Esta primeira edição é uma experimental e não queremos que o cantor X pareça melhor que o Y, isto é a música é festa da música.
Que chances é que a eleição tem de voltar a acontecer?
Dependo do sucesso desta “brincadeira” deste ano. Nós poderemos associar-nos a entidades como a Carga Magazine, Cenas Que Curto, Dois Contra Um e sites de Moçambique, Cabo-Verde e mesmo de Portugal para tentarmos fazer uma coisa maior. Claramente que não fará sentido chamar-se “TheBestBantumen”. Mas, é dentro destes termos onde nós conseguimos durante algum tempo, dinamizar forças e canalizar audiência para os nossos sites todos juntos e festejar com os artistas o tempo de música: tanto o tempo e o dinheiro que perdem em estúdio, por trabalhos feitos este ano, que não foram reconhecidos pela pandemia e pela falta de concertos, o que fez com que a meu ver, não tenhamos ouvido música de verdade como nos anos anteriores, logo faz sentido premiar os artistas. É possível que o próximo anos sim vamos nos organizar melhor, uma premiação de verdade, onde o artista, mais do que o reconhecimento, ganhe de facto alguma coisa.
Enquanto editor de uma publicação que, apesar de generalista, lida diariamente com a música, como avalia este mercado em 2020?
Acabo por não conseguir falar apenas de Angola, vou falar dos PALOP. Sendo assim, avalio que os artistas que conseguiram fazer o upgrade para o streaming como é o caso do Toy Toy ou os Mobbers, sentiram a música em 2020. Artistas que estavam habituados a palco e grandes holofotes, sentiram a música de forma negativa e então acho que 2020 é mais uma prova que a música fez um upgrade e temos que estar todos nas plataformas de streaming, independentemente do que nós acreditamos e dos entusiastas de discos físicos. A música não é internacional porque o artista actua num país estrangeiro; a música é internacional, porque é ouvida em toda parte do mundo e não é necessário estarmos no Brasil para a música de um angolano ser ouvida, basta que esteja numa plataforma de streaming internacional.
Que lição se pode tirar disso tudo?
A grande lição para os músicos e para quem trabalha com música é perceber que existe muito mais do que apresentações ao vivo. E existe, sim Sr. um mundo streaming muito grande e que se faz muito dinheiro.