O artista plástico estará na galeria do Banco Económico, em Luanda, durante três meses a fazer uma reflexão sobre questões sociais, realidades que o próprio diz não se enquadrarem, em teoria, no que é humanamente aceitável.
Profundamente influenciado pelo novo Coronavírus, Thó Simões apresenta, além de peças de arte, experiências sensoriais que envolvem performance e vídeo.
Sob chancela do MovArt, a exposição está aberta desde o passado dia 20 deste mês e pode ser vititada até o mês de Junho. Em entrevista à Carga, o artista plástico angolano resumiu o significado das suas obras em seis pontos.
O tema “Entre Monstros e Homens” parece querer transmitir algum tipo de mensagem ao mundo. De quê é que trata a exposição?
O tema revela uma reflexão à volta de questões socias presentes no dia-a-dia dos comuns mortais, algumas realidades não se enquadram (em teoria) no que é humanamente aceitável mas, na vida prática, essas aberrações sociais acabam sendo assimiladas e banalizadas e passam como se fossem normais. É um exemplo.
Suas obras acabam quase sempre por traduzir as aspirações e rupturas do espaço urbano luandense. De que forma estes pensamentos estão evidenciados na amostra?
Toda a amostra é feita de fragmentos e memórias urbanas. Meu laboratório, minha oficina são as ruas, a matéria prima para eu criar as minhas obras são as ruas que me fornecem. É nas ruas que consigo vislumbrar alguma coisa da natureza humana.
É inevitável as influências sociais na capacidade criativa dos artistas. Em que aspectos o Covid-19 influenciou a sua arte?
Influenciou bastante. A mim pessoalmente até ao mais íntimo do meu ser trouxe à tona aspectos da minha personalidade que desconhecia, a minha abordagem nesta amostra também reflecte isso.
É uma exposição que pode servir de incentivo para vários outros artistas que durante um ano ficaram retraídos pela pandemia. Que significado tem para si esta apresentação?
Significa muito para mim. As experiências pessoais que passei por conta desta realidade pandémica foram muito profundas, foram arrasadoras, mas estou aqui ainda e muito mais motivado e determinado. Para mim é como um renascer das cinzas!
Depois do grande mural da Serra da Leba, que outras novidades está a preparar e quando vai apresentá-las?
Só posso dizer que tenho projectos em andamento e acredito que teremos novo encontro para falar deles muito brevemente.