A música salvou a vida desses jovens. Antes de se tornarem a febre do momento, os Séketxe estavam metidos no mundo do crime . Este grupo está a introduzir uma nova onda no Rap angolano. Criou o Rap-Cia, um subgénero do Trap que resulta da fusão entre o Kuduro e o Rap. Conquistou o respeito de artistas como MC Cabinda e tem atraído muita popularidade.
Rap-Cia é um tipo específico de Rap para “cientes”, que traduz os anseios da mamã zungueira, do jovem talentoso do gueto que espera por uma oportunidade ou do sucedido empresário que espera fechar um negócio maior.
Não há quem resista a este novo estilo de música criado por seis jovens provenientes de bairros com altos índices de criminalidade. O grupo nasceu da união de duas zonas de influências distintas- a Criminal e a Camabatela.
Formado por CoKaína Preta, Mortalha, Djamba, Layfado, Rasgado e Banzelo, os rappers vêm do Cazenga, Viana, Kikolo, Prenda, Samba. Agora vivem no Mundo Verde. A zona tornou-se conhecida por Kuxilândia, por causa da música que de lá saí. Os temas “Kubeli” e “Mãe”, disponíveis no YouTube, tem atraído vários fãs.
Quem os vê, a priori, pode tirar falsas ilações, por serem jovens com idades a rondarem entre os 18 a 23, mas, quem ouve Cokaína Preta, Mortalha, Djamba, Layfado, Rasgado e Banzelo a falar, pode não acreditar. Os cantores são inteligentes e é isso que procuram fazer passar nas suas músicas.
A inteligência, talvez se justifique pelo facto de alguns deles estarem a frequentar 2.º ano do curso de Direito e Ciência Política na faculdade e outros, o de Informática.
Antes de serem os Séketxe, eram os Dope Skin e dedicavam-se ao Kuduro. Usavam a música apenas para responder a rixas de outras gangues, mas agora abraçaram seriamente a arte e está a dar bons frutos. O nome Séketxe nasceu para expressar irmandade e união que reina no seio do conjunto.
Kocaína Preta, Mortalha, Djamba, Layfado, Rasgado e Banzelo lembram no vídeo desta entrevista que, se não fosse a música, estariam no caixão nesse momento, porque pertenciam a zonas de influência contrária e estavam quase sempre envolvidos em brigas.
Os rappers-cia trazem uma onda diferente, original. Até agora só eles sabem cantar assim. Já trocaram a linguagem do crime pela linguagem musical e estão também a mudar a forma de cantar e entender o Rap, transmitindo em cada verso o sentimento das ruas.
Quem ouve a música dos Séketxe consegue facilmente traduzir na sua própria língua a mensagem nela subentendida. Vê nesta primeira entrevista da carreira a forma como o novo fenómeno do Rap Nacional esgrime os seus pensamentos.