Carlos Ernesto é dos poucos talentos que já não tem muito para provar. A forma como impõe sua voz nos instrumentais, leva-nos a pensar que está há vários anos na música, mas ainda é novo no mercado.
Para se ter uma ideia sobre a sua capacidade artística, basta ouvir o modo como interpreta suas primeiras músicas da carreira “Insubstituível” e “Padrasto” disponíveis no Youtube, que, apesar de serem produzidas pelo irmão menor, podem estar a nível dos grandes do Ghetto Zouk angolanos.
É um artista que prima pelo rigor estético e conteúdo. Parte das suas letras são dedicadas a relações sociais e dramas amorosos. Sabe fazer direcção artística, toca um pouco o piano, dá aulas de canto e apresentou à Carga seus novos trabalhos.
Seu envolvimento com a música começa na igreja. Quando e por que razão enveredou para o World Music?
Desde muito cedo ouvi Anselmo Ralph e outros artistas, que tentaram exprimir os seus e os sentimentos dos outros por essa arte, e isso despertou em mim um enorme interesse e vontade de fazer o mesmo.
Esta vontade já gerou duas músicas. Que ganhos conseguiu com estas canções?
Felizmente, ganhei bastante notoriedade pelo público e amantes do estilo de música que faço, ganhei reconhecimento como bom compositor e o melhor de tudo foi a satisfação de ter encorajado várias pessoas a fazer denúncias contra o abuso sexual.
Como é que está a encarar essa “aventura”?
Bastante satisfatória. Cada dia que passa, os desafios crescem e a minha vontade de crescer como artista também.
Nas músicas “Padrasto” e “Instituível” procura, de certa forma, trazer à tona a discussão de um fenómeno ainda tabu na nossa sociedade. Por que acha que deve abordar estes problemas nas suas canções?
Acho que é a melhor forma de dizer para as pessoas que passam por essas situações que tudo vai ficar bem; que é necessário tomarmos uma certa atitude para ultrapassarmos certas situações.
E que temas preparou para as suas próximas músicas?
Estou agora em estúdio a gravar a nova música, intitulada o Bruxo, que conta a história de um senhor que criou e educou os filhos, posteriormente surgem alguns problemas na vida dos filhos e os mesmos decidem recorrer a forças ocultas e o “feticeiro” alega que o senhor que os educou, formou e os amou é o causador de alguns problemas que os mesmos estão a enfrentar. A outra fala sobre a fuga paternidade.
Quando é que pretende apresentá-las?
As músicas serão apresentadas já com vídeoclips. Por agora, estou a reunir condições para que muito em breve isso aconteça.
Com que participações contará?
As participações ainda não poderei revelar, infelizmente. Até porque estou aguardando algumas confirmações, mas desejo imenso trabalhar com Rui Orlando e o Cef Tanzy.
O quê lhe está a marcar mais durante a trajectória e lições tem tirado disso?
Há um tempo apresentei uma composição a um produtor internacionalmente reconhecido, e de tão nervoso que estava, acho que acabei por estragar a apresentação e, desde então, aprendi que os meus medos nunca devem superar a minha vontade de vencer
Que palcos geralmente se tem apresentado?
Normalmente a minha agenda tem estado lotada por casamentos. Felizmente, sou bastante solicitado em casais e padrinhos.