A Universidade Hip Hop apresenta-se como uma organização sem fins lucrativos focada na divulgação dos elementos, conceitos e fundamentos da Kultura Hip Hop, virada para o desenvolvimento comunitário a busca pela justiça e igualdade social.
Criada há uma década, mais propriamente aos 6 de Março de 2011, pelo “sexteto” Quartel d’Áfrika, oriundos da Mulemba Waxa Ngola, local onde foi enraizada a catedral do conhecimento do Hip Hop nacional.
Com uma visão inclusiva, a Universidade Hip Hop age de acordo com as linhas de orientação primária do Hip Hop, na busca pela Paz, União e Diversão com responsabilidade. Numa breve conversa com a Carga Magazine, 1000Ton Kanzale, actual Reitor da Universidade e membro fundador, faz uma reflexão de onde vem e para onde vai a U2H*, de acordo com os fundamentos por eles alicerçados.
Como definiria a Universidade Hip Hop?
A
Universidade Hip Hop é uma organização juvenil sem fins lucrativos orientada
pelos princípios e fundamentos da Kuktura Hip Hop e focada na divulgação e
manutenção dos princípios e fundamentos da Kultura Hip Hop assim como o
desenvolvimento comunitário e fomento da justiça social através dos elementos
da Kultura Hip Hop. Fundada em Angola, tem a sua sede no bairro Mulemba Waxa
Ngola, no município do Cazenga em Luanda, realiza nas comunidades actividades
voltadas para o fomento do hábito a leitura, a dança, a música, as artes
plásticas, ao teatro e ao konhecimento através de seminários, simpósios,
palestras, workshops, feiras, concursos académicos infantis e shows.
Qual é o verdadeiro papel da Universidade Hip Hop?
Contribuir para uma melhor condição do Movimento Hip Hop em Angola, divulgando os princípios e fundamentos da Kultura Hip Hop e a criação de uma base de dados do Hip Hop angola.
Como estão a ser comemorados os 10 anos de existência?
Começamos uma reflexão interna, olhando para o nosso passado, presente e futuro. E daremos sequência com as actividades agendadas que futuramente o pessoal terá contacto.
Já pode adiantar alguma coisa?
A princípios temos as lives que podem ser acompanhadas nas redes sociais da U2H (facebook e youtube)… as outras são as surpresas pelos 10 anos de existência.
A quem coube a sua fundação?
Coube a seis jovens da Mulemba Waxa Ngola, que antes tinham uma pass de nome Quartel d’Áfrika: Patrick Lala, Harvey Madiba, San Kaleia, Neisher Makavelly, Klaudyu Bantu, 1000Ton Nkanzale.
O que esteve na base desta iniciativa?
Ter um espaço onde possamos partilhar conhecimento e dar um contributo ao Movimento Hip Hip e na sociedade em geral.
Como é o vosso fluxograma em termos de “cargos”?
A Universidade Hip Hop -U2H, está dividida da seguinte forma: Membros Fundadores, Membros Directores, Membros Colaboradores, Membros Beneméritos.
O que é necessário para fazer parte da Universidade Hip Hop?Inicialmente idenficar-se com os princípios da U2H. E depois apresentar formalmente o seu interesse de fazer parte da equipa. E a parte “porta de entrada” é como membro Benemérito. E em função do seu empenho vai subindo de categoria.
Quais são os princípios fundamentais da U2H?
Temos uma visão inclusiva agimos de acordo as linhas de orientação primária do Hip Hop: Paz, Amor, União e Diversão com responsabilidade. Estamos focados na divulgação e manutenção dos princípios e fundamentos da kultura Hip Hop. Desenvolvimento comunitário e fomento da justiça social através da Kultura Hip Hop.
Actualmente quantos integrantes tem a U2H?
Membros Directores – 09
Membros Colaboradores – 28
Membros Beneméritos – 12
De reforçar que temos também representantes em outras províncias, exactamente: Kwanza – Sul, Benguela, Huambo, Bié, Malanje e Cabinda. Nas restantes temos tido contactos frequentes, mas devido a dificuldade financeira e de transportação estamos com dificuldades de cumprir com o plano de nos fazermos presentes onde agendamos estar.
Como se chega a reitor?
Tem de fazer parte do Corpo Directivo e, reunir as condições para a sua candidatura ser aprovada: Ser um membro exemplar e regular;
Conhecer os princípios e fundamentos da Kultura Hip Hop;
Conhecer a história do Movimento Hip Hop nacional;
Ter um plano estratégico que ajudará no progresso da organização e do Movimento.
Sabe-se que funciona uma espécie de rotatividade para a 1° posição, quantos reitores já teve?
A rotatividade são de 4 anos e já teve dois Reitores.
Primeiro foi o Klaudyu Bantu, actualmente sou eu, 1000ton Nkanzale.
Está desde a fundação da U2H, e de acordo com os princípios do órgão considera que a vossa existência tenha mudado o movimento?
Sim, teve mudança. As palestras, workshops entrevistas que temos realizado tem ajudado muito pra o entendimento e melhoramento de conceitos da Kultura Hip Hop.
Como avaliam o estado de cada um dos quatro elementos da Kultura Hip Hop, a nível nacional?
Vou me restringir aos 4 elementos núcleos da kultura Hip Hop:
Emceein: Continua em alta, pois temos quantidade e qualidade nas mais variadas vibes ou vertentes.
Breakin: Desenvolveu muito nos últimos 5 anos dentro e fora de Luanda e, como prova disso, temos campeões internacionais. Estou a falar de Tassio Jay, Wipax, Hellie Groove e John Monster.
Deejayin: embora seja um elemento mais caro da kultura Hip Hop devido aos custos dos seus materiais, mas ainda assim tem crescido muito bem. Pois, já cobseguimos ver perfomances dos tais ou mesmo acompanhando a actuação de um artista ou grupo.
Graffiti art: também tem crescido muito dentro e fora de Luanda, basta observarmos como têm sido graffitados várias paredes e interiores de salas de eventos, estúdios, publicidades e exposições.
E não posso deixar de mencionar o elemento Zero da Kultura Hip Hop – Street Knowledge (Konhecimento de rua), este que é a espinha dorsal do Hip Hop e também tem ganhado muito terreno. Basta ver como muitos Hiphoppas têm se afirmado na sociedade devido a maneira inteligente como abordam os factos dentro e fora da kultura Hip Hop.
Qual delas tem mais incidência?
Breakin e Emceein. Breakin, pelo crescimento e desenvolvimento brutal que até gerou prémios internacionais.
Emceein, devido a música Rap que é a galinha de ovos de ouro dentro do movimento. Continuam a surgir bons Rapper e Emcees.
Porquê que adoptaram a grafia com o K, invés do convencional?
Devido ao atrevimento intelectual da Kultura Hip Hop, hoje ela criou os seus próprios códigos de conduta quer seja na escrita, na fala, no desenho, na composição, na forma de tocar, na forma de negociar, na forma de vestir, na forma de aprender e de se alimentar. Basta olhar para os seus 10 elementos.
Obs: atenção na forma de escrever, pronunciar e o significa das 3 naturezas do Hip Hop: Hiphop (espírito), Hip Hop (Kultura), hip-hop (produto).
Do que é feita a vossa agenda anual?
Temos patente na nossa agenda anual a responsabilidade social, colaborando e apoiando os centros de acolhimento Okutiuka (Huambo), El Betel (Zango) e ainda um concurso infanto-juvenil “Exercitando Konhecimento” onde para além de questões académicas (4 e 6 classes) falamos de Hip Hop para as crianças e mensalmente temos o evento regular `Conversas Com´.
Temos também mantido relações com a Zulu Nation através do nosso Representante angolano Nelboy. Interagimos com outros Representantes da Zulu no Brasil, King Nino Brown (S.Paulo) DJ TR do (Rio de Janeiro) e aqui na África Subsaariana com o Emile Jesson.
Temos tido também interacção com outras pessoas e organizações internacionais e nacionais ligadas a kultura Hip Hop não ao nível da Zulu Nation mas que têm feito um bom trabalho. E também somos acompanhado por outras organizações internacionais da Kultura Hip Hop.
Não só de conhecimento sobrevivem as organizações, como fazem para se manter financeiramente?
De relembrar que somos uma organização de gestão participativa, sem fins lucrativos contando apenas com recursos próprios dos membros.
Estamos abertos para receber apoios morais e financeiros de pessoas singulares ou colectivas que se identificam com o nosso trabalho. Estamos cientes, de que temos muito para frente por fazer e, queremos contar com o apoio de todas forças vivas da kultura Hip Hop e não só.