“Angola é o verdadeiro centro do rap lusófono”. Esta afirmação é de uma das principais referências do rap falado em língua portuguesa e não só, Keidje Torres Lima, artisticamente conhecido como Valete.
Em entrevista à Revista Carga, numa conversa descontraída, Valete disse não ter muita informação sobre o rap feito em Angola, mas que sempre foi fã do MCK, Keita, Flagelo Urbano e Luaty.
Disse ainda que “segue” outros rappers, como os integrantes do Elenco de Luxo, Phedilson e CFK. “Vou seguindo o pessoal, mas não estou muito aprofundado no rap angolano. Há muita coisa que não chega aqui, vou acompanhando o que sai”.
“Estive ai no ano passado e senti uma energia incrível. O que sei é que Angola é o verdadeiro centro do rap lusófono. Sei que há muitos fãs do rap plástico, mas também tem milhares do rap clássico, em poucos sítios se sente verdadeiramente o rap original como em Angola”, salientou.
Quanto ao rap tuga, referiu que chegou ao máximo do mainstream e, na sua opinião, quando isso acontece não podes querer tudo. “Hoje creio que as músicas são mais competentes, mas as letras nunca foram tão vazias”.
Questionado porque desta situação, Valete argumentou que é muito pelo facto do rap ser o género mais popular do mundo.
“O rap é o novo pop. Quando assim é alguma coisa tem que sofrer. No mainstream as pessoas querem música essencialmente para se entreterem, desanuviarem”.
CORONAVIRUS
Assim como vários músicos pelo mundo, a pandemia também “estrangulou” a programação do rapper português, com o cancelamento de concertos. “Tudo mudou, em termos de música tudo parou”.
No entanto, instado sobre o papel dos músicos neste período, sublinhou que era importante que a música reflectisse estes tempos, uma vez que muitos países, com a pandemia, viram seus sistemas de saúde e segurança social expostos, destacando que é imperial reflectir sobre isso.
Questionado se é o seu caso, respondeu: Sempre fui um rapper social, este tipo de tema está sempre nas minhas músicas.