O 12 de Março será sempre lembrado como um dia triste para os angolanoe e de reflexão para a Polícia Nacional. Foi nesta data que Juliana Kafrique, uma zungueira de 28 anos, perdeu a vida pelas mãos de um afectivo da PN. A malograda tornou-se, para muitos, símbolo de resistência no combate à pobreza e será retratada em filme.
O filme autobiográfico é um Drama, tem duração de 40 minutos e será lançado antes do final deste ano. A produção é do realizador Henriques Narciso “Dito” e surgiu repentinamente. O enredo gira em torno da vida de Juliana Kafrique até ser morta por um agente da Polícia Nacional em 2019, que cumpre, neste momento, pena de 16 anos de prisão por homicídio voluntário.
Os trabalhos estão a bom ritmo e prevê-se que até Setembro sejam concluídos para que a média-metragem também possa concorrer à primeira edição do festival de cinema angolano. Quanto ao elenco está sob segredo dos deuses, por questões estratégicas. “Tenho um mês e poucos dias para a produção e finalização do filme”, adiantou Dito. O produtor e realizador conversou ontem com a Carga sobre o filme.

É uma estória comovente e fez levantar várias vozes, que mensagem quer passar à sociedade com a narrativa?
O objectivo é reavivar a mente dos angoanos; mostrar, mais uma vez, que o homem erra, nós erramos. Há bocadinho fiz a seguinte análise: acho que nem toda a polícia nossa está preparada psicologicamente para ir à rua, fazer trabalho de campo, abordar as zungueiras. Eu sei que as zungueiros são um bocadinho teimosos. Já vi aguns vendedores que tivessem complicação com a polícia. A policia, às vezes, faz chegar a mensagem, tirando-os de um lado e eles vão para o outro. Quer dizer, às vezes, o dialogo e a compreensão falham e temos tido um final muito friste.
Disse que não será dirigida por si, fale-nos um pouco sobre o seu papel na longa?
O filme foi idealizado por mim durante a apresentação do festival de cinema da Unitel, mas as coisas não seriam dirigidas por mim, mas a minha equipa de produção e técnica insistem. Eles dizem que sou um ícone do cinema nacional, então a qualidade e o respeito será outro. Não sei bem, mas estou a pensar fazer co-realização com o meu filho.
Habituou-nos a emoções hilariantes, ao anuncia isso acaba criando enorme expectativa em relação ao filme.
Ao assistirem o filme estarão a ver um “Dito” muito crescido, bastante experiente, mais maduro. A fazer um trabalho com cabeça, tronco e membro, ou seja, com régua e esquadro. Vamos cumprir todas as regras cinematográficas, vamos procurar atingir a perfeição nesse filme, respeitando aquilo que tem que ver com a estética cinematográfica.
Recorde-se que é a sua sétima longa- metragem. O que gostaria de conquistar com ” Juliana Kafrique” que ainda não conquistou?
Respondendo à pergunta, pretendo conquistar o respeito, o carinho e, quiçá, vencermos o festival da Unitel. Ou estar entre os primeiros classificados do Festival de Cinema da Unitel. Por outra, existem pessoas que têm trabalhado no cinema sem apoio. A iniciativa é louvável, e vai ajudar muitos produtores e realizadores, mas existem pessoas que já têm trabalhado há bastante tempo sem apoio, pessoas como nós, deviam ser reconhecidos. Invés de concorrermos, a Unitel se calhar devia arranjar alguma coisa para nós que já mostrámos trabalho. Agora concorrermos ao lado dos miúdos não acho isso certo. José Gamboa não iria concorrer num estrelas ao Palco!