Natural das Ingombotas, Kendrah começou a cantar na igreja. Mais tarde, decide honrar o legado de Marita Vénus e Dona Kelly. Aos 15 anos, tornou-se na artista mais nova a ser nomeada para o Top Rádio Luanda. Depois disso, participou de projectos e partilhou os melhores palcos de Angola. Hoje com 21 anos, prepara algo que pode mudar a história do Rap nacional.
Disse que começou a cantar na igreja. Teve que dar uma volta muito grande ao decidir entrar para o Rap…
Risos… um pouco. Foi no Rap onde me senti pronta. A minha primeira música que gravei foi feita em 2012 e chamava-se Bang Bang, mas não fez parte do EP.
E quando é que decide abraçar a carreira profissional ?
A minha carreira profissional começou em 2014 , após o lançamento do primeiro EP intitulado ‘O Furacão’, que continha 10 faixas musicais.
Porque decidiu cantar?
Estou mais para o lado comercial e canto porque é um dom que Deus me deu. Não me vejo a fazer nada diferente disso na minha vida. Tenho alguns familiares que cantam, como o D One, da Army Squad e o Legalize, que é meu tio.
Quando começou a perceber que queria seguir a carreira musical?
Sempre sonhei grande, sempre quis levar até ao meu limite. Me joguei de corpo e alma e estou aqui até hoje .
O quê é que restou do EP ‘O Furacão’?
Foi o meu primeiro filho e com ele aprendi muito. Conquistei muitas coisas e vivi momentos inesquecíveis.

O que sentiu ao ser nomeada para a categoria Voz Revelação do ano 2014 no Top Rádio Luanda?
Foi uma experiência muito marcante, porque tudo aconteceu muito rápido, não tinha quase experiência nenhuma. Era tudo novo, ser a primeira e artista angolana em um top com aquela dimensão, com apenas 15 anos de idade representar o rap feminino em uma categoria que concorri com Ana Joyce e Telma Lee foi uma honra!.
No mundo artístico, os títulos acabam por conferir um valor simbólico à carreira. Luta por algum título?
Quero apenas fazer boa música e que as pessoas se identifiquem com elas. Porque para mim, o mais importante é simplesmente agradar o meu público alvo e assim conquistar o sucesso que pretendo .
Também é de opinião de que o rap feminino em Angola descreve as aspirações da luta pela igualdade do género?
Sim. Porque as mulheres já provaram inúmeras vezes que são capazes de fazer tudo que os homens fazem e, às vezes até melhor. Hoje além de mcs, temos DJs , B-girls , Beatmakers , empresárias do ramo etc..
Como conseguiu o contrato com a produtora Piriline ?
A Piriline apanhou-me em um momento de recomeço. Eu tinha dado uma pausa porque estava focada na minha carreira como actriz e retornei quando me junto ao projecto Rapvolução .
A até que ponto foi importante participar do projecto Rapvolução e do colectivo ‘A Voz do Povo’ ?
O Rapvolução foi um desafio porque foi um projecto todo feito e idealizado por mulheres. O álbum a Voz do Povo foi um cartão postal da minha entrada a Piriline.
Haviam outras produtoras que tentavam contactá-la?
Sim no momento em que fui contactada pela Pirline já tinha outras duas propostas à mesa, uma já com contrato por assinar e outra já com beats até produzidos e algumas composições, mas decidi seguir com a Piriline.
Ao aliar-se a Piriline é porque deseja algo maior. Que espaço quer ocupar no rap nacional?
O caminho ainda é muito longo, mas quero ser lembrada como umas das mulheres mais importantes da história do Rap em Angola.
Vejo que ainda é muito jovem para a caminhada que trilhou. Não está a correr demais?
Com certeza que não.Porque nunca permiti que alguém dissesse que não posso alcançar tal coisa, por causa da minha idade. Sempre fui muito focada e uma pessoa de objectivos claros. E Sinto que tudo que fiz até hoje não é, nem metade do que eu ainda vou fazer.
Que projectos musicais tem em carteira neste momento?
É segredo, mas posso adiantar que vem muitas coisas, projectos, vídeo clípes etc..
Quantas músicas já tem disponíveis e onde é que o público pode encontrá-las?
Não tenho um número em mente exactamente. Mas, podem encontrá-las em todos os blogues, minha página oficial do Facebook “Kendrah “ ou YouTube, no canal oficial da Pirline.
Isto quer dizer que já se pode antever o primeiro álbum?
Não era para falar mas… tinha projectado já um álbum digital para 2020, mas essa situação toda que vivemos hoje por conta do vírus da Covid-19 ainda vamos ter de repensar e deixar que as coisas melhorem . Recentemente divulgamos o vídeo clípe do single ‘Só Jajão’.

Que artistas angolanos tanto gostava de fazer participações?
O Dji Tafinha. Porque me identifico muito com a sonoridade dele. Acho-o muito inteligente e, com certeza, juntando-me a ele só sairia música boa.
Sente que já conquistou o seu espaço no rap angolano?
Sim. É raro falar de rap feminino e o nome Kendrah não ser mencionado .
Dos palcos que pisou qual deles reserva maior recordação?
Já estive em palcos como o Cine Atlântico, Cidadela e Estádio dos Coqueiros. Todos foram marcantes, mas posso dizer que até hoje foi o Estádio dos Coqueiros.