Chama-se Clotilde Muhongo Baiua e é responsável por levar a imagem de vários artistas à diáspora. Em 2006 criou a Cloe Management, uma agência de gestão internacional de carreira de músicos, produtores, marcas independentes e opera em vários países.
Como é que tudo começa?
Comecei na África do Sul em 2006. Primeiro começamos como uma escola de dança. Depois começamos a realizar eventos de escola e creches. Mas foi em 2018 que decidi trabalhar com os artistas cá em Angola.
Sendo mulher, como é que encarou o desafio, principalmente num mercado como o nosso?
Difícil. Na verdade, este mercado é dominado por rapazes. A única menina que eu conheço é a Karina Barbosa. É muito difícil ser mulher nessa indústria.
Quando começa o trabalho com Djs?
Em 2013 tive que parar tudo. Estava cansada com a indústria e comecei a trabalhar com RH. Trabalhei durante seis anos. Mas aquele bichinho continuava lá. Foi então que em 2017 decido registar a empresa e dei um novo rumo.
Há também músicos e produtores. Como é trabalhar com artistas de diferentes ramos?
Tudo é arte. Tudo casa. É difícil porque tem sempre um ou outro artista que se acha a última bolacha do pacote.
Qual tem sido o segredo para a boa gestão?
Ser uma boa líder, lidar com pessoas e ser paciente… trabalhar, mostrar resultados e ter sempre uma mentalidade diferente.

Não trabalha só com artistas angolanos. Este intercâmbio de cultura e países não é difícil de conciliar?
Não é difícil… não é difícil. O Dj Nasty é americano e quando eu quero promover a música angolana lá, torna-me mais fácil. O mesmo acontece quando quero promover em Moçambique ou na África do Sul, os meus agenciados é que facilitam esta entrada.
Como é que os artistas chegam à vossa agência?
Alguns vamos atrás, outros são recomendados pelos DJs com quem trabalhamos.
Quem são os músicos que trabalham com a agência?
Neste momento, músicos não temos. Tínhamos uma cantora sul africana, mas infelizmente o contracto já terminou e de momento não estamos abertos a novos músicos.
Os vossos serviços incluem produções de outros trabalhos?
Sim. Neste momento estamos a trabalhar no CD do Vado Poster e Walgee. São os projectos que estamos a correr atrás.
E como fazem para levar os artistas a outros países?
O Nasty, por exemplo, já esteve cá em Angola. O Dj Chubby-Chub, que é o Dj do 50 Cent, também.

Quis dizer… como fazem a gestão do tempo e as negociações num país onde não estão representados?
Esse processo é todo feito via electrónica. Agendamos, fazemos o pagamento e vemos se o artista está ou não disponível. Se estiver, o cliente faz o pagamento.
Como é que fazem para contornar isso?
Se o artista perdeu o voo, nós marcamos uma outra data. Em outros casos, fazemos o reembolso.
Este processo envolve riscos, há alguma experiência que tenha corrido mal?
Várias. Problema de voo. Voo foi cancelado. O artista não quer viajar de carro…
Como olha para o mercado do entretenimento em Angola?
O mercado agora é exigente.
Como tem sido a relação com outras produtoras e agências?
Boa. Temos tido intercâmbios com algumas empresas. Por exemplo, eu trabalho com a Power House há dez anos. O Hochi Fu é uma das pessoas que me tem dado força até hoje.