Nunca a frase podes ser o mais talentoso do mundo, se não tiveres dinheiro não vais a lado algum fez tanto sentido na vida de alguém como aconteceu na do cantor Adelásio Muangolé, que até já era considerado pela imprensa como a revelação do Semba, num tempo em que pouco ainda se falava de Puto Português.
A fama e o sucesso do músico começaram em 2011, com a música Não Fatiga Muangolé. Depois, chegou a lançar outros sucessos como o Kero e ganhou o prémio Ensa Arte (2011)
A fama era tanta que músicos como Yuri da Cunha e Eddy Tussa chegaram a solicitá-lo para escrever alguns temas, que vieram a fazer sucesso.
Depois de tanto barulho pela imprensa, Adelásio desapareceu para voltar no ano passado em grande sob selo da Yalankuwu Music, lançou um EP e tem seus temas disponíveis em todas as plataformas digitais internacionais, incluindo o Kisom Unitel. É ele o autor de Manda o Diploma, que traz participação de Puto Português.
Com a agenda preenchida para Europa até 2022, prepara-se para gravar com Yuri da Cunha e Eddy Tussa. Adelásio é um antigo talento do Semba que caminha novamente para o estrelato.

Depois de ‘Não Fatiga Mwangole’, era considerado como a nova revelação do Semba. Mas teve uma permanência muito efémera. Por que não conseguiu manter o ritmo?
Faltou investimento. O artista pode ser o mais talentoso do mundo, sem um bom investimento, não vai a lado nenhum. Continua apenas como o talentoso do bairro.
Em que circuntâncias consegue o contrato com esta sua nova produtora?
Consegui o contrato com a Yalankuwu num momento que eu havia saído de uma outra produtora. Sem saber o que fazer, recebi uma mensagem no Facebook, da parte da Yalankuwu a mostrar interesse em trabalhar comigo.
Que lições tirou do tempo que esteve sob anonimato?
São tantas. Aprendi que em Angola não valorizam o talento, mas sim o bom momento que o artista vive, neste caso o famoso sucesso. Aprendi que a media só quer que lhe dá audiência, infelizmente. aprendi também que o ouvinte só consome o que estão a lhe oferecer no mercado, acima de tudo, aprendi que devemos ter fé…

Parece que agora as coisas vão ao ritmo de que sempre desejou. No ano passsado lançou “Homenagem” e este ano saiu com o primeiro EP. É o seu regresso ao estrelato?
Penso que sim, estamos a trabalhar para este fim, que Deus, Pai Todo-Poderoso, continue a me abençoar… Desde que entrei na Yalankuwu muita coisa mudou na minha carreira. Hoje, parece que até o vento sopra a meu favor…
Doravante, o que passará a caracterizar a sua carreira?
Trabalho atrás de trabalho, sem parar. Mas acima de tudo, espero que a minha boa relação com a produtora continue neste ritmo super bom, e com grandes planos, para me fazer o artista que sempre sonhei…
Nas suas primeiras aparições, o Semba era a sua bandeira. Será que cantará outros estilos?
Até ao momento vou continuar a defender o Semba, sem esquecer o Kizomba, Kilapanga, Rumba angolana, o Merengue, o Kazucuta e a Cabecinha.
De que é feito este seu EP?
Este EP apresenta o regresso do Adelásio Muangolé, depois de muito tempo ausente no mercado activo. É um resumo do que me identifica. Chama-se O Próprio Muangolé.
Diferente de muitos, parece que o Covid impulsionou a sua carreira. Como descreve a sua carreira musical actualmente?
Actualmente a minha carreira está num bom porto, graças a Deus. Apesar do Covid, vivi bons momentos. A minha música é muito consumida em alguns países da Europa e hoje tenho muitos seguidores e amigos europeus, que gostam do meu trabalho. Só para ver, já tenho actividades marcadas para 2022, dia 18,19,20,21 de Março.
Tem boas relações com Eddy Tussa e Yuri da Cunha, chegou até a escrever alguns temas para eles. Não era mais fácil ter a participacão de um deles ao invés de Puto Português? Porquê a escolha de Mr 2gueda para a colaboração?
Escolhi o Puto Português, porque sempre gostei do trabalho dele, respeito e tenho ele como uma grande referência também. A música ” Manda o Diploma ” tem a cara dele, no que concerne a letra e o canto. Quanto ao Yuri da Cunha e o Eddy Tussa, já temos tudo acertado, em breve irei gravar músicas com a participação deles. Graças a Deus o meu pedido já foi aceite por eles…

Quem eacreveu e qual foi o custo de produção do tema “Manda o Diploma”?
A letra e a música é da minha autoria. Graças a Deus tenho boas relações com o kota Nelo Paím e a produção teve um custo acessível para eu trabalhar e fazer uma boa música com qualidade.
O Semba é fragmentado nos hábitos, costumes e tradições culturais angolanas, elementos pouco assimilados pelos jovens. Como faz para compor suas letras?
Como todo bom letrista, melodista e compositor, eu faço de tudo para estudar a nossa sociedade e não só. Graças a Deus, tenho a capacidade de escrever histórias, que tem sempre alguém que vive ou já viveu, mas sempre a seguir a evolução das sociedades, para não ficar no tempo, porque a vida é dinâmica, mas sem fugir a base.