A idade biológica de Hochi Fu confunde-se, muitas vezes, com os anos de carreira. São, no total, 30 anos dedicados à música, que se resumem na criação da Power House, uma produtora com duas áreas específicas de actuação-Power House 7.ª Arte e a HF Vision.
A primeira é responsável pela produção de filmes, enquanto a segunda actua no ramo da música e tem por missão influenciar gostos e revolucionar o mercado musical angolano. Actualmente, agencia Dr. Smith, Jakilsa, Cleyton e M Chris Oliver.
Mas, o produtor não se limita a isso. Agora, está também a embracar para o fantástico mundo do cinema e, tudo indica que tem se saído bem, porque no ano passado, lançou 2 Mundos. A longa-metragem disponível no seu canal do YouTube vai conquistando atenção das cadeias televisivas angolanas.
Longe de simples aventura, o empresário tem objectivos precisos. Hochi Min Gourgel Martins confessou que o seu maior sonho é levar o cinema angolano a Hollywood e ser lembrado como aquele que revolucionou o mundo dos videoclips em Angola. Acompanhe o último capítulo da entrevista sobre a carreira do produtor.

Seu contributo na música é notório. Que imagem se tem hoje de Hochi Fu?
Eu acho que, neste momento, sem medo de errar, sou um dos produtores mais reconhecidos em angola. Mas, este reconhecimento vem do povo. Sempre fui verdadeiro com as coisas do povo, com a originalidade das músicas. Sempre fui atrás do talento no gueto, expus-o, fiz com que as pessoas tivessem oportunidade de serem expostas e ouvidas em todo o mudo, vindo do gueto. O povo da rua mostra logo de volta, o povo da cidade a mesma coisa.
Está a dizer que não é reconhecido pelos organismos culturais do país?
O reconhecimento por parte do estado, por parte das entidades culturais, nunca tive, tanto que, eu sempre disse que considero corruptas, porque temos os favoritos deles. Não sei o porquê que são os favoritos, se nunca fizeram nem metade do eu que eu faço ou fiz e… prontos…são as pessoas que recebem os dinheiros para as actividades, são elas que recebem os dinheiros para fazer coisas, e nós nada, mas… prontos! eu não gosto de me queixar, porque sempre digo: vou batalhar, como sempre fiz e como faço. Então, respondendo à pergunta o meu reconhecimento vem do povo. O resto para mim é só mesmo faixada, é só trabalhador de faixada.
Isso lhe fez pensar em desistir?

Eu sempre sonhei grande. E sei que um dia, vou chegar aonde eu devo chegar. Ainda não estou lá, nem estou perto. Um dia chegarei lá. Mas nunca pensei em desistir. O único momento que eu pensei mais ou menos em desistir foi depois do acidente. Mas aquilo não é eu pensar, eu estava triste, senti falta do meu parceiro e fiquei sem norte. Aí sim, senti-me desamparado. Mas deus é bom e eu estou aqui.
É daqueles que sempre trabalhou em busca de glória?
Eu vejo aqui os nossos irmãos a lutarem por prémios, eu não tenho muito interesse, seria bom ganhar alguns prémios aqui, seria bom que os nossos irmãos angolanos reconhecessem os nossos irmãos como deve ser mas, há prémios que já são comprados.
Antes era muito recorrente os músicos optarem por gravar clips no estrangeiro. Já conseguimos ultrapassar esta fase?
Muita gente quer fazer Angola em Moçambique ou Portugal, quer fazer a África na Europa. Eu vou dizer algo: ninguém consegue fazer África melhor do que o próprio africano; ninguém consegue fazer Angola melhor do que o próprio angolano. Então, deixem de estar a dizer que fazer vídeoclip lá fora é melhor. Não! Ir lá fora para filmar numa parede, nós aqui temos parede. Ir lá pra fora para filmar numa caxoeira, nós aqui temos caxoeira. Nós estamos muito mais baratos que lá fora.
Qual era o seu objectivo ao estender a área de actuação da Power House para o cinema?
Não foi por isso, porque o cinema aqui é a mesma coisa, há festivais que as vezes nem chamam mas, para entender onde quero chegrar, gostaria que assistisseem o meu filme 2 Mumdos para comparar a minha com a qualidade de outros filmes que estão por aí. Mas o objectivo é Hollywood, nunca faço nada para ser intermédio. Tudo o que eu faço é para ser o melhor. Sempre quero chegar ao lugar mais alto da coisa.
Até onde vão os seus limites no cinema?
A minha meta é Hollywood. É chegar na América e ganhar Óscares. É ganhar Grammy. Tudo que eu faço é a pensar no grande, nunca é a pensar no pequeno. Eu quero o bolo todo.
Que lições tem tirado da nova aventura?
O cinema ajuda-me a ter uma abertura amaior, ajuda-me a explorar os talentos que eu tenho, a explorar varias qualidades minhas. Por exemplo, nos filmes que eu faço as músicas quem compõe sou eu. Apesar de não cantar as músicas, eu componho-as.
Quais são as novidades da Power House para 2021?

Neste momento, temos novos membros. Há o Dr. Smith, que faz african vibes, um estilo que ele próprio inventou-uma mistura de afrobeat, kwassa, kuduro, kwaito. Temos a Jakilsa, Kleyton M, que é uma das minhas grandes apostas, uma das minhas cartas a jogar esse ano. Começámos a trabalhar com ele no ano passado e já temos cinco vídeos de alta qualidade. E temos o Chris Oliver, uma pessoa que canta com alma. É bakongo e congolês ao mesmo tempo. Traz arrumba gongolesa, RnB e Zouk. Temos ainda beatmaker o Big Boss.
Por tudo quanto tem feito para a música angolana, como é que gostaria de ser lembrado?
Eu gostaria que o meu legado ficasse para sempre. Ser lembrado como aquele que revolucionário, a pessoa que revolucionou o mundo do videoclip em Angola. Aquele revolucionou amaneira de se investir na música, de investir no kuduro em Angola. Eu gostaria de ser lembradoo como aquele que veio e revoluciou a cultura angolana. E é isso que aconteceu. Fiz isso com a música, com os videoclips. Levei o kuduro aí onde o kuduro não podia entrar. Já revolucionei o mundo dos vídeoclips, agora estou a fazer com o cinema.